Quando Ítalo Ferreira pisou na praia de Tsugaraki, em Ichimoya, o sol estava brilhando alto no céu e o mar estava agitado. Depois de um dia inteiro de ondas fracas, a aproximação do tufão Nepartak criou o cenário ideal para a primeira final de surfe da história das Olimpíadas. O japonês Kanoa Igarashi, seu adversário, se posicionou ao seu lado.
O brasileiro sentiu a areia escura e correu em direção ao oceano. Ele surfou a primeira onda, alta e volumosa, e foi derrubado quando ela começou a arrebentar. Na queda, foi engolido pelo mar e sumiu por alguns segundos. Quando voltou à superfície estava balançando os braços em direção à praia. A fúria do mar tinha partido sua prancha ao meio e ele pedia ajuda.
Não foi o começo de prova sonhado por Ítalo, potiguar de Baía Formosa que começou a surfar com a tampa do isopor que seu pai pescador usava para guardar peixes. O isopor costumava quebrar com facilidade na praia perto de sua casa e, quando isso acontecia, Ítalo precisava consertá-la com palitos de churrasco que encontrava na areia. Assim seu pai podia continuar trabalhando.
Agora, nas águas do Oceano Pacífico, sua prancha tinha dado perda total no pior momento possível. Igarashi, que tinha eliminado Gabriel Medina mais cedo com um aéreo desses de cinema, já estava pontuando. E os 30 minutos que separavam Ítalo do ouro olímpico já tinham virado 29.