No alto das arquibancadas da Arena Pernambuco, eles conquistaram os holofotes pela primeira vez. Mal o juiz apitou o fim de jogo Costa do Marfim x Japão, eles retiraram os sacos azuis que adornavam os assentos e passaram a se movimentar de um lado a outro recolhendo todo o lixo encontrado no estádio. Eles, você deve se lembrar, eram os torcedores japoneses.
Era a primeira rodada da Copa de 2014 no Brasil: o Japão perdeu por 2 a 1, mas a torcida nipônica ganhou a simpatia da imprensa internacional com a atitude. "Exemplo de civilidade", foi a manchete da época. Torcedores japoneses também foram "flagrados" limpando a Arena das Dunas, em Natal, e na Arena Pantanal, em Cuiabá. Quatro anos depois, repetiram o gesto na Copa da Rússia.
Agora é a vez de os japoneses receberem um evento esportivo mundial. Jornalistas de todos os continentes estão em Tóquio e não conseguem entender o complexo sistema de descarte de lixo do país. O centro de mídia tem uma grandes lixeiras de papelão enfileiradas e embaixo de cada uma há uma legenda explicando o que deve ser depositado.
Quando está escrito garrafas plásticas, plástico e resto de comida é fácil. Mas existem lixeiras que recebem coisas "queimáveis" e "combustíveis". Os japoneses têm aula de descarte de lixo e compreendem a mensagem, os estrangeiros não. Prova de que não entenderam o que vai nestas lixeiras é que elas quase sempre estão vazias.
Limpeza, diz-se, é um elemento característico da cultura japonesa. É a premissa de não deixar nada para trás, o que implica limpar lugares por onde se passa antes de ir embora - isto é, "se nós sujamos, nós limpamos". Vale para crianças que aprendem a pegar esfregões e faxinar banheiros do colégio e, como se viu, torcedores nos estádios.