O futebol feminino vive uma onda de atenção e investimentos tardios no Brasil, mas vem de eliminações precoces da seleção nas competições mais importantes: caiu nas oitavas de final da Copa do Mundo de 2019 e hoje (30) perdeu para o Canadá nos pênaltis nas quartas de final das Olimpíadas de Tóquio, o que impediu até a disputa por uma medalha.
Protagonista das duas campanhas e de quase duas décadas com a amarelinha, Marta apresentou mudança no discurso entre uma eliminação e outra. Em 2019, fez cobranças às jogadoras jovens ao dizer que "não vai ter uma Marta para sempre". Já em 2021, o foco mudou: "Espero que as pessoas tenham mais consciência e não apontem dedo para ninguém."
As palavras mostram que Marta abraçou uma versão mais leve e desencanada de sua personalidade, como se conseguisse sentir menos a pressão por sua história. A visão de pessoas do convívio da seleção que o UOL Esporte ouviu é que Marta foi a Tóquio com o sentimento de que não precisava se provar e que nesta fase é melhor aproveitar o momento e de certa forma inspirar quem vem depois dela.
Essa leveza é que causou gestos como o de dedicar seus gols à noiva Toni Pressley, num movimento de tratar publicamente de assuntos pessoais que ainda são vistos como tabu no esporte — como orientação sexual, por exemplo — que é recente. E também no estilo de jogar. Agora ela não é a única protagonista na equipe. Há então uma nova Marta, mais livre, que não teve resultado nas competições mais recentes e deixou em dúvida a permanência na seleção, mas só aumentou sua relevância.