A última imagem de Gabriel Medina nas Olimpíadas de Tóquio é um borrão. Ele segura sua prancha embaixo do braço e finge não ver os cerca de dez jornalistas brasileiros que o esperam para a entrevista que todo o atleta dá depois de cada bateria. Está apressado e de cabeça baixa. Um funcionário do Comitê Olímpico Brasileira o detém e tenta convencê-lo a parar e falar à imprensa.
Gabriel balança a cabeça, informa que vai apenas tomar uma água e voltar em seguida. Derrotado pelo australiano Owen Wright, o brasileiro deu uma rápida declaração à TV Globo, mas não quis falar com os outros jornalistas do país que o esperavam na praia. Ele não retornou à praia quando Ítalo Ferreira saiu do mar campeão e nem quando seu parceiro recebeu a medalha no pódio.
Foi o fim de uma semana em que o surfista não estava "100%", conforme ele mesmo disse ao UOL Esporte antes de embarcar a Tóquio. Faltava ao seu lado a modelo Yasmin Brunet, que acompanhou de perto (mesmo que de longe) as idas e vindas do marido do outro lado do mundo. "Ela mudou minha a vida. Quando você está bem pessoalmente, isso se reflete também no surfe", disse Medina a um jornalista estrangeiro que o questionou sobre o motivo de estar surfando tão bem neste ano.
Com o quarto lugar conquistado no Japão, Medina volta ao Brasil frustrado, mas com a certeza de que em breve terá a seu lado a pessoa que o completa. "Ela me deixa mais leve, é muito raro encontrar alguém assim", afirmou ele logo após avançar à semifinal.