Tomar a decisão de parar, de abandonar uma carreira já consolidada, é muito difícil. Não tem como não dar medo —e deu. Muito! Tentei racionalizar as ideias e entender que eu já havia colaborado muito como atleta —fui a primeira brasileira a ser campeã mundial de ginástica artística, participei de três Jogos Olímpicos e fui finalista em dois. É uma trajetória de dar orgulho: tem dois movimentos no esporte com o nome da minha família. Fiz o que pude, e o que pude fazer foi muito. Quando venci o Mundial de 2003, foi inacreditável. Pensava: "Sou campeã do mundo, a melhor do mundo no solo. Nem acredito". A gente fica extasiada.
Quando o resultado chega, você sente alívio e se lembra com satisfação, também, dos momentos que não foram tão bons para chegar até ali. É um sentimento de que tudo tinha valido a pena. Agora, quando esse resultado não chega, como aconteceu em 2004, na Olimpíada de Atenas, é preciso parar para entender o porquê.
Naquele momento, eu vivia o sonho da primeira Olimpíada, e posso afirmar que o erro foi por excesso. Também erramos por excesso, sabia? São aqueles 110% de que se fala tanto. Sentia um desejo tão grande de fazer o melhor, que passei do ponto. O importante é reavaliar, reconhecer nossas pequenas vitórias — e as grandes também —, reconhecer que não fazemos nada sozinhos. Nenhuma vitória minha foi só minha.