Naomi Osaka é candidata a ser a tenista dominante de sua geração e exercer uma hegemonia nível Serena Williams, credenciais que a tornam a maior atleta japonesa da atualidade. Mesmo homenageada ao ser escolhida para acender a pira olímpica hoje (23), ela não tem reconhecimento que se espera em seu país. Osaka é negra num país que considera não ter cidadãos negros.
A situação tem relação com o mito de homogeneidade étnica-racial do Japão. Ele pressupõe que "ser japonês" é ter um fenótipo amarelo de olhos puxados e pele mais clara, o que exclui diversas minorias, como japoneses negros e indígenas ainu.
A atleta nascida em Osaka é filha de pai haitiano e mãe japonesa. Representa uma parcela da população designada de "hafu", uma expressão nipônica que deriva da palavra inglesa "half", isto é, metade, mestiço. É um rótulo para os filhos de casamentos mistos, entre estrangeiros e japoneses "de verdade".
Além da cor da pele, Osaka tem a identidade nipônica questionada porque emigrou para os Estados Unidos na infância.