Não existe mais bobo no vôlei de praia. E, além disso, não existe mais no Brasil a capacidade de atrair jovens talentos para a modalidade. A soma desses dois fatores é não apenas o pior resultado da história do vôlei de praia brasileiro, que não conquistou nenhuma medalha nos Jogos Olímpicos de Tóquio, mas também o indicativo de que, nos próximos anos, as coisas vão piorar ainda mais.
O futuro do vôlei de praia brasileiro foi colocado em xeque por Alison Mamute em entrevista depois da derrota da dupla com Álvaro Filho para Plavins e Tocs, da Letônia, nesta quarta-feira (4), nas quartas de final em Tóquio. "O Brasil ganhou a medalha de ouro em 2016 e não mudou nada, sem nenhum investimento. O circuito continuou o mesmo, tudo paralisado, com menos etapas", reclamou.
A fala foi a faísca que faltava para colocar a comunidade do vôlei de praia brasileiro em ebulição. Pela primeira vez, os problemas da modalidade foram expostos em rede nacional, para além da bolha formada por jogadores e comissões técnicas.
Falta um calendário de eventos que permita aos atletas jovens se manterem no esporte. Falta prospecção de talentos. Falta um plano nacional para sair desse buraco. Enquanto isso, os rivais estão investindo milhões em uma modalidade que lota arquibancadas, está nas TVs do mundo todo e que, por isso, já não é mais exclusiva de brasileiros e americanos.