Dinastias

Do Dream Team ao boxe cubano, quais países dominam quais esportes nos Jogos Olímpicos

Arthur Sandes e Rafael Valesi Do UOL, em São Paulo Andrew D. Bernstein/NBAE via Getty Images

"O importante não é vencer, mas competir. E com dignidade", dizia Pierre de Coubertin, o fundador da versão moderna dos Jogos Olímpicos. Para as soberanias que listamos abaixo, no entanto, até a medalha de prata é fracasso. Do basquete dos EUA ao boxe cubano, passando pelo Japão no judô e pela China em esportes pouco vistos, tem país que conta pódio certo em certos esportes da Tóquio-2020.

O exemplo mais conhecido é o Dream Team norte-americano, mas a equipe de basquete de maior sucesso olímpico é a feminina, não a masculina. E nem é a maior vencedora: os chineses, por exemplo, venceram 87% das medalhas de ouro do tênis de mesa, enquanto a Coreia do Sul ganhou todos (todos!) os ouros já distribuídos em uma categoria do tiro com arco.

Abaixo o UOL Esporte lista algumas das maiores dinastias dos Jogos Olímpicos, e quase todas elas tentam escrever mais um capítulo desta história de domínio na Tóquio-2020.

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Domínio absoluto dos EUA no basquete

Não é à toa que o ouro da Argentina no basquete masculino de Atenas-2004 é comemorado até hoje pelo país. Ver uma seleção que não seja os Estados Unidos no lugar mais alto do pódio é raro, seja entre os homens ou entre as mulheres. Na soma histórica das duas competições, os EUA conquistaram 23 de 30 medalhas de ouro possíveis.

Essa história passa pelo Dream Team original, de Jordan, Magic e cia. em Barcelona-1992, pela carreira espetacular de Lisa Leslie e ainda pode continuar sendo escrita em Tóquio. Kevin Durant, que já é bicampeão olímpico, busca o tetracampeonato consecutivo com a seleção masculina; enquanto Diana Taurasi e Sue Bird (foto), que sozinhas já são tetra, buscam façanha ainda maior: o sétimo ouro seguido dos EUA feminino.

Harry How/Getty Images

Japão inventou e é potência do judô

É sorte do resto do mundo que o Comitê Olímpico Internacional (COI) imponha limite de um atleta por país no judô olímpico. A dominância japonesa não é tão grande quanto as demais citadas neste texto, mas também é relevante: o país teve medalhas em ao menos metade das categorias em cada uma das edições dos Jogos desde que o esporte entrou no programa olímpico, em 1964. Com isso, até a Rio-2016 foram 84 medalhas conquistadas pelo Japão, muito acima da segunda colocada deste ranking (França, 51). Em Tóquio já foram três, e contando...

Justin Setterfield/Getty Images

Coreia do Sul manda no tiro com arco

Desde que o tiro com arco por equipes femininas entrou no programa olímpico, em Seul-1988, a Coreia do Sul venceu absolutamente todos as medalhas de ouro. Sim, todas, em nove edições seguidas de Jogos Olímpicos. No individual feminino são oito ouros em nove edições; e o individual masculino venceu em Londres-2012 e Rio-2016. Ao todo, o país é o que tem mais medalhas olímpicas do esporte na história: são mais de 40 (e contando, porque deve vir mais em Tóquio). Com a inclusão também das duplas mistas nas Olimpíadas, é mais uma categoria para o país medalhar.

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Rússia tem 21 anos de supremacia

Desde Sydney-2000 a Rúsia venceu absolutamente todos os ouros no nado artístico (o novo nome do nado sincronizado). São cinco seguidos nas duplas e outros cinco por equipes, em uma modalidade que só tem disputa feminina. A expectativa em Tóquio é que a supremacia se mantenha, mas desta vez sob bandeira do Comitê Olímpico Russo --e não da Rússia-- pois o país cumpre suspensão por escândalo de doping em outros esportes.

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Quênia e os 11 ouros seguidos

O bom desempenho de países africanos nas provas de fundo do atletismo não é novidade, mas o que o Quênia faz nos 3000m com obstáculos masculino é de outro mundo: desde Cidade do México-1968 o país venceu todos os 11 ouros das edições que disputou --os que não ganhou foi porque o país boicotou duas edições. O atual campeão e dono do recorde olímpico Conseslus Kipruto não está em Tóquio, mas três outros quenianos disputam a prova e estão entre os favoritos.

Alexander Hassenstein/Getty Images

Índia já reinou no hóquei

A Índia não é exatamente uma força olímpica, mas acredite: um dos maiores domínios na história dos Jogos é do país, no hóquei sobre grama, no início do século passado. Na competição masculina, os indianos levaram seis ouros seguidos entre Amsterdã-1928 e Melbourne-1956, sem contar outros dois títulos posteriores, em Tóquio-1964 e Moscou-1980. Ao todo são 11 medalhas na modalidade, mas o domínio terminou há muito tempo, pois já são 41 anos sem pódio. A potência atual é a Holanda, que entre masculino e feminino soma 12 medalhas nas últimas oito edições.

Alex Livesey/Getty Images

Cazaquistão desafia Cuba no boxe

Não dá para falar de boxe olímpico sem falar de Cuba e seu amplo domínio do esporte nas Olimpíadas modernas. São muitos pesos e muitos países medalhistas nos últimos anos, mas a ilha é mesmo a principal força: já teve dois tricampeões olímpicos (Félix Savón e Teófilo Stevenson) e na Rio-2016 levou medalhas em 6 das 13 categorias. Desde 2000, no entanto, o Cazaquistão tem desafiado este domínio cubano em alguns pesos; nos meio-médios (até 69 kg), por exemplo, foram quatro ouros seguidos até a Rio-2016.

Tom Pennington/Getty Images

China aposta nos esportes que você não vê

Pequim-2008 foi um marco de sucesso do chamado "projeto 119", o plano da China em investir em esportes olímpicos individuais em que antes não tinha tradição. Por terem mais categorias, são os que mais dão medalhas, e o raciocínio funciona beirando a perfeição desde a Olimpíada que os chineses disputaram em casa.

A iniciativa começou a dar resultado já em Atenas-2004, quando a China chegou a liderar o quadro de medalhas e terminou a apenas quatro ouros dos EUA. Em 2008 foi uma lavada, com 51 ouros e 100 pódios no total. O número caiu nas duas últimas edições (respectivamente 38 e 91; e 26 e 70), mas a presença forte em esportes individuais continua.

Atualmente, o domínio se dá principalmente no tênis de mesa e nos saltos ornamentais. No primeiro, a China ganhou 53 das 100 medalhas já distribuídas na história dos Jogos (incluindo 28 dos 32 ouros); no segundo subiu ao pódio pela primeira vez em Seul-1988 e desde então soma 69 medalhas, sendo 40 ouros.

Al Bello/Getty Images for Octagon

Os raros tetracampeões individuais

Se ganhar uma única medalha já é difícil para qualquer atleta, imagine então conquistar quatro ouros individuais consecutivos, em edições diferentes dos Jogos Olímpicos? O tetracampeonato é algo raro de acontecer, mas a história registra alguns feitos desse tipo.

O americano Carl Lewis, dono de dez láureas olímpicas no total, venceu o salto em distância nos Jogos de Los Angeles-1984, Seul-1988, Barcelona-1992 e Atlanta-1996. O compatriota Al Oerter (lançamento de disco) e os velejadores Ben Ainslie (Grã-Bretanha) e Paul Evstrom (Dinamarca) são outros que atingiram tal façanha. E não poderia faltar ele, Michael Phelps (foto), tetracampeão olímpico nos 200m medley.

Mas não se impressione pela fotografia de Phelps. As medalhas ao lado são apenas seis da coleção de 28 que o maior medalhista da história já conquistou nos Jogos Olímpicos. São 23 de ouro, três de prata e duas de bronze. Ele, sozinho, é uma dinastia olímpica.

Não há nenhum sinal de que este recorde de 28 medalhas possa cair em um futuro próximo. Os 23 ouros já são mais numerosos do que o total de pódios do segundo atleta olímpico mais premiado, a ginasta soviética Larysa Latynina (18). Todos do top 10 já estão aposentados. Entre os que estão em Tóquio, destaque para a nadadora norte-americana Allison Schmitt, que já tem oito medalhas olímpicas na carreira e compete nos 200m livre.

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