Skate e surfe chegaram chegando, bagunçando a zorra toda. Ítalo Ferreira, Gabriel Medina e Rayssa Leal são os nomes mais comentados das Olimpíadas de Tóquio-2020. Tem a ver com as medalhas, sim, e também com a treta Yasmin Brunet e COB e o veto para que a mulher de Medina não fosse a Tóquio. Mas a verdade é que as pessoas só prestam atenção com aquilo que se importam. E skate e surfe importam, e muito, para uma parcela importante da população.
"Skate e surfe delimitam uma mudança geracional no esporte", diz Sereno Moreno, diretor de planejamento da Box 1824, um bureau de tendências que faz estudos para marcas como Globo e Nike. Skatistas e surfistas cativam um público menos envolvido com às Olimpíadas, os jovens entre 14 e 24 anos. Chamados de Geração Z, eles se conectam a Tóquio-2020 por meio de valores representados pelos praticantes das duas modalidades. No lugar da disciplina e do sacrifício necessários para ganhar um milésimo de segundo, entra o estilo de ficar "de boas" e relaxar.
"O olhar da Geração Z nasce de um mundo excessivo. Excesso de conteúdo, de possibilidades e de pressão para fazer tudo. Vai para esporte e ele é focado na performance, na tensão para obter resultado. [Isto] Coloca mais desconforto na Geração Z e gera desconexão. Não há sensação de prazer ou de relaxamento. O surfe e o skate desconectam deste gatilho de colocar no limite. E a ansiedade talvez seja o maior problema da geração. No trabalho, na educação", resume Modesto.