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Ana Luiza se classificou para 2012 em duas provas do tiro esportivo

Ana Luiza se classificou para 2012 em duas provas do tiro esportivo

19/07/2011 - 07h01

Professora troca aulas de biologia por munição e chega às Olimpíadas de Londres

Alexandre Sinato
Em São Paulo

Ela sempre gostou de animais e sonhava ser cientista. Armas, tiros e mira nunca passaram pela sua cabeça, tanto é que sequer sabia que existia tal modalidade nas Olimpíadas. Mas contrariando qualquer perspectiva de carreira, Ana Luiza Ferrão foi a primeira brasileira a garantir uma vaga individual nos Jogos de Londres, em 2012. E, para isso, abandonou a carreira de professora e parou de dar aulas de biologia.

PROFESSORA QUE ATIRA


Os alunos brincavam: 'Cuidado que ela atira, hein!?' Eles faziam brincadeiras normais e achavam legal ter uma professora atiradora Eles fizeram várias perguntas por curiosidade

“Por muito tempo eu conciliei a vida de professora com o tiro esportivo, mas há dois anos estou só treinando. Antes eu me dedicava ao tiro mais nas horas de folga, mas com o investimento feito para os Jogos Militares [começou no último sábado, no Rio] pude me dedicar só ao tiro. E deu certo, consegui a vaga olímpica”, contou Ana Luiza ao UOL Esporte.

Mas o que leva uma professora de biologia a começar a atirar? Culpa do acaso. Assim que se formou na faculdade, Ana Luiza fez uma prova para começar a dar aula em colégios do Exército. Foi aprovada e passou a lecionar. Já empregada, casou-se com um competidor de tiro que também era das Forças Armadas e deu os primeiros tiros como passatempo. O relacionamento acabou, mas o tiro ficou.

“Comecei a praticar mais para acompanhar meu ex-marido nas viagens. Vi outras mulheres atirando e pedi para tentar também. Aí comecei a me destacar e fui me dedicando mais, pois todo o material nós já tínhamos em casa.”

No entanto, o primeiro contato da major Ana Luiza com as armas não foi nada positivo. Assim que entrou no Exército, passou por toda instrução militar, incluindo o tiro. “Foi com uma pistola 9 milímetros. Achei muito barulhento e nada legal, só fiz porque tinha que fazer. O primeiro contato foi por obrigação”, recordou.

NÚMEROS

  • 300

    disparos diários

    média de Ana Luiza nos treinos

  • 22

    milímetros

    é o calibre da pistola usada por ela

  • 37

    anos

    idade de Ana Luiza Ferrão

Passado o susto da primeira experiência, ela teve cada vez mais contato com o tiro graças ao ex-marido. Na época em que ainda lecionava, os alunos brincavam que se tratava de uma professora perigosa. “Eles diziam: ‘cuidado que ela atira, hein!’. Os alunos faziam brincadeiras normais e achavam legal ter uma professora atiradora.”

Atualmente, Ana Luiza destina tempo integral ao tiro. São de 200 a 300 disparos diários. Tudo pensando em nos Jogos de 2012, evento que ela nunca sonhou disputar. Quando pequena, a major sequer sabia que existia tiro no programa olímpico.

“A vida realmente dá voltas, nunca imaginei praticar algum esporte em nível olímpico. Quando eu era criança, via as Olimpíadas na TV, mas sabia que não era para mim. Sempre pensei que para chegar lá era preciso treinar desde os 5, 6 anos de idade. O bom do tiro é que não exige tanto do físico nem juventude”, opinou Ana Luiza, de 37 anos.

Mesmo assim, ela não faz planos mais longos. Pensa apenas em Londres. Depois, os tiros e as aulas de biologia podem ficar afastados. “Só consigo enxergar minha carreira até 2012, estou fazendo tudo pensando nas Olimpíadas, mas depois não sei. Talvez eu dê uma parada e tire um tempo para mim.”

 

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