"Vi que não preciso de coisas materiais", diz refugiada a Daniel Dias
A campanha "Reflexos", realizada pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), colocou frente a frente o atleta paralímpico de natação, Daniel Dias, e a refugiada artista plástica e empreendedora, Ninibe Forero. Durante a conversa, por videoconferência, a artista contou que sua perspectiva mudou quando deixou a Colômbia.
"Quando eu tive que sair, de um dia para o outro, pegando só algumas malas com pouca roupa, e aceitar que eu não vou ter mais 10, 20, pares de sapatos", contou Ninibe a Daniel, ao ser questionada sobre seu propósito na vida. "Agora eu não preciso mais dessas coisas, sabe? Eu preciso estar tranquila, eu preciso dar um bom exemplo", acrescentou.
Ninibe deixou Bogotá, na Colômbia, há seis anos, "sem um caminho certo", deixando tudo para trás. Ela veio com marido e três filhos e conseguiu refúgio no Brasil. Hoje, é empreendedora e tem um ateliê com o marido, Leonardo, no Rio de Janeiro. A família precisou deixar a Colômbia após ser perseguida por grupos paramilitares por realizar atividades educativas com jovens.
Situações difíceis vividas, aliás, são comuns tanto para Ninibe, quanto para Daniel. Ele, que é recordista mundial e um dos maiores atletas paralímpicos do país, contou que, quando consegue conquistar seus objetivos, olha para o passado e sente esperança.
"São muitas coisas que acontecem na nossa vida. Quando você realiza aquilo, quando eu olhava para aquela medalha, eu pensava que valeu a pena. Eu só pensava na minha família, nos meus pais, tudo que a gente enfrentou para chegar naquele momento", lembrou o nadador.
Daniel será um dos representantes brasileiros na Paralimpíada de Tóquio e já anunciou que depois dela se aposentará Em seus 16 anos de carreira, o nadador acumula 24 medalhas paralímpicas e 40 medalhas em Mundiais de Natação (dessas, 31 são de ouro).
A campanha "Reflexos" tem como objetivo contribuir e incentivar a inserção dos refugiados na sociedade brasileira de forma mais ampla. A "Refugiados Empreendedores" oferece visibilidade aos refugiados que decidem montar negócios próprios no Brasil e ajuda com suporte e materiais para o aperfeiçoamento de negócios nas redes sociais.
Em Tóquio, pela segunda vez na história, uma Equipe Olímpica de Refugiados vai disputar a Olimpíada, iniciativa da ACNUR em parceria com o Comitê Olímpico Internacional. Ao todo, 29 atletas refugiados disputarão os Jogos Olímpicos, competindo em 12 modalidades.
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