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Olimpíadas 2021: veja os brasileiros favoritos a medalhas

Pâmela Rosa, Rayssa Leal e Letícia Bufoni - Divulgação
Pâmela Rosa, Rayssa Leal e Letícia Bufoni Imagem: Divulgação

Demétrio Vecchioli, colunista do UOL Esporte

13/07/2021 04h00

Depois de ganhar 19 medalhas nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, sendo sete de ouro, seis de prata e o restante de bronze, o Brasil disputa a Olimpíada de Tóquio com a meta de melhorar esse resultado. Para isso, confia em bons resultados principalmente no vôlei, judô e vela, como de costume, mas também no skate e no surfe, modalidades que estreiam no programa olímpico.

Abaixo, as principais chances do Brasil:

Schwanke e comissão técnica da seleção brasileira de vôlei homenageia Renan Dal Zotto - Volleyball Nation League - Volleyball Nation League
Imagem: Volleyball Nation League

Seleções de vôlei

Ganhar medalha no vôlei já é uma tradição para o Brasil. A seleção masculina esteve nas últimas quatro finais, vencendo as de 2004 e de 2016 —é a atual campeã, portanto. Na Liga das Nações desse ano, faturou o título, o que a credencia a repetir o ouro em Tóquio. Entre as mulheres, a chance é um pouco menor porque as rivais estão voando. Bicampeão em 2008 e 2012, o Brasil de José Roberto Guimarães chega, porém, credenciado pela prata na Liga das Nações.

Ágatha/Duda, Alison/Álvaro, Bruno/Evandro e Rebecca/Ana Patrícia
Vôlei de praia

Foi-se o tempo que Brasil e Estados Unidos dividiam as medalhas do vôlei de praia. O Brasil continua forte nessa modalidade, mas agora há vários países brigando pelo topo. No feminino, a principal chance é com Ágatha/Duda, dupla que lidera o ranking mundial. Entre os homens, Alison/Álvaro Filho são segundos do ranking. No Rio, Alison foi ouro com Bruno Schmidt (que corre por fora em dupla com Evandro) e Ágatha, prata com Bárbara Seixas. Rebecca e Ana Patrícia também podem surpreender.

Beatriz Ferreira exibe medalha de ouro conquistada no boxe feminino do Pan-2019 - Jonne Roriz/COB - Jonne Roriz/COB
Imagem: Jonne Roriz/COB

Beatriz Ferreira
Boxe

Boa parte dessa lista é de atletas que já estiveram na Rio-2016, mas Bia é uma das exceções. Ela é a atual campeã mundial na categoria até 60kg do boxe feminino e vem de vitórias sobre as principais adversárias. Tem boas chances de ganhar o ouro.

Alison Santos comemora a medalha de ouro nos 400 m com barreiras do Pan -  Pedro Ramos / rededoesporte.gov.br -  Pedro Ramos / rededoesporte.gov.br
Imagem: Pedro Ramos / rededoesporte.gov.br

Alison dos Santos, o Piu
Atletismo

Outra exceção, assim como Bia. Piu tem só 21 anos e surgiu para o atletismo adulto no começo de 2019. Desde então, melhorou seu tempo nos 400m com barreiras sempre que correu competições importantes. Suas marcas atuais já são muito melhores do que as que definiram o ouro em 2016. O problema é que um adversário (o norueguês Karsten Warholm) bateu recentemente o recorde mundial que durava mais de 30 anos. Outro é o terceiro melhor de todos os tempos. Piu deve ir ao pódio, mas a briga por ouro e prata será difícil.

Gabriel Medina e Ítalo Ferreira
Surfe

Entre todos os atletas brasileiros que vão a Tóquio, nenhum está em fase tão boa quanto Gabriel Medina. Das seis primeiras etapas do circuito mundial de surfe, ele venceu duas e chegou a cinco finais. Ítalo também está bem, com uma vitória e uma terceira colocação (superado por Medina) nas últimas duas etapas. Os dois são candidatos a dobradinha de ouro e prata e terão como rivais os americanos, que voltam de lesão e são incógnitas.

Ana Marcela Cunha - Laszlo Balogh/Reuters - Laszlo Balogh/Reuters
Imagem: Laszlo Balogh/Reuters

Ana Marcela Cunha
Maratona Aquática


Ana Marcela foi a brasileira que mais venceu no último ciclo olímpico. Mas, em Tóquio, ela vai atrás da primeira medalha olímpica, depois de um resultado frustrante no Rio e de nem conseguir vaga para Londres. Quinta colocada no Mundial de 2019, a brasileira é bem cotada à medalha, mas tem rivais à altura. Tanto pode ser campeã quanto pode ficar fora do pódio.

Fernando Reis
Levantamento de Peso


O halterofilista está há muito tempo entre os 10 melhores do mundo, mas falta o passo a mais para se tornar um dos três primeiros da categoria pesado. É boa a chance de isso acontecer em Tóquio. Por causa de punições por doping aplicadas a seus países, dois atletas com resultados melhores, da Armênia e de Belarus, não vão ao Japão. Assim, Reis chega a Tóquio para brigar por prata ou bronze. O ouro dificilmente não vai para a Geórgia.

Isaquias Queiroz
Canoagem velocidade

Uma coisa dá para cravar: Isaquias não vai repetir as três medalhas do Rio. Mas é porque uma das provas que ele remava saiu do programa. Em Tóquio, ele vai participar do C1 1.000m, disputa individual na qual é o atual campeão mundial, e do C2 1.000m, em dupla, com Jacky Godmann. Erlon Souza, seu parceiro habitual, tem uma lesão crônica no quadril e não foi convocado. Jacky, da mesma cidade de Isaquias, já remou ao lado dele uma Copa do Mundo, e os brasileiros foram bronze.

Pâmela Rosa, Rayssa Leal e Letícia Bufoni - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Pâmela Rosa/Rayssa Leal/Letícia Buffoni
Skate

Só se acontecer uma zebra muito grande o Brasil não vai ganhar uma medalha no skate street feminino. Das cinco melhores do mundo, três são brasileiras. O problema é que no Mundial, disputado recentemente em Roma, as duas primeiras colocações ficaram com o Japão e o Brasil teve de se contentar com o bronze, o quarto e o quinto lugares. No auge da carreira, Pâmela parece ser a mais pronta para terminar na frente. Ela lidera o ranking mundial e venceu o Dew Tour, nos EUA, antes do Mundial.

Martine Grael e Kahena Kunze
Vela

Quem acompanha o Brasil nas Olimpíadas há alguns ciclos sabe que independentemente do que acontecesse poderíamos esperar Robert Scheidt brigando por medalhas. Agora quem está nessa posição é a dupla Martine e Kahena, que foi ouro no Rio. As brasileiras têm resultados consistentes, foram prata no Mundial passado, e dificilmente não vão terminar entre as três primeiras. A briga é pelo ouro.

Arthur Zanetti
Ginástica artística

Campeão em 2012, Zanetti ficou com a prata na etapa de Doha da Copa do Mundo, atrás do grego Eleftherios Petrounias, campeão em 2016. Se tivesse vencido, o brasileiro tiraria o maior rival da Olimpíada. Não aconteceu e agora os dois vão duelar de novo em Tóquio, com favoritismo para o grego. O ginasta do Brasil segue brigando entre os melhores do mundo, mas hoje a prova é mais equilibrada, tanto que Zanetti foi só quinto no último Mundial.

Arthur Nory
Ginástica artística


Medalhista de prata no solo na Rio-2016 e campeão mundial da barra fixa em 2019, Arthur Nory é um ótimo ginasta, que cresce na hora certa. Não é exatamente favorito a medalha, mas estará na briga.

Rebeca Andrade no Pan de Ginástica - Ricardo Bufolin / Panamerica Press / CBG - Ricardo Bufolin / Panamerica Press / CBG
Imagem: Ricardo Bufolin / Panamerica Press / CBG

Rebeca Andrade
Ginástica artística

A verdade é que dá até um frio na barriga escrever sobre Rebeca Andrade. Desde 2015, é considerada uma das melhores do mundo, mas não consegue demonstrar isso em competições por causa de lesões frequentes. Já foram três cirurgias no joelho. Em forma, Rebeca briga por medalha (prata ou bronze) no individual geral e por prata no salto —o ouro só não será de Simone Biles se algo muito fora da curva acontecer. Nos outros aparelhos, Rebeca também tem chance, mas correndo um pouco por fora.

Bruno Fratus
Natação

Se o critério fosse apenas os resultados de 2021, Bruno Fratus não entraria nessa lista. Mas a atual temporada está sendo atípica, e ninguém é louco de duvidar dele, que ganhou medalha nos 50m livre nos últimos três Mundiais. O brasileiro tem um rival de peso, Caeleb Dressel, que tende a ser o grande nome da natação em Tóquio, e é favoritíssimo ao ouro. Pelo histórico, Fratus é candidato fortíssimo a prata ou bronze.

Mayra Aguiar, Baby e Maria Suelen Altheman
Judô

O judô brasileiro traz sempre ao menos duas Olimpíadas para o Brasil. Desta vez não deverá ser diferente, mas fortes candidatos ao pódio são apenas três. Mayra Aguiar passou por cirurgia no joelho no segundo semestre do ano passado, só voltou a lutar em junho, e seu desempenho é uma incógnita. Em forma, ela é regular: de 2010 para cá, são seis medalhas em Mundiais e duas em Olimpíadas.

No peso pesado, Baby e Maria Suelen Altheman também estão acostumados a frequentar o pódio. Ele, aliás, ganhou medalha nas últimas duas Olimpíadas e vem de bronze no Mundial. Suelen também foi terceira colocada no último Mundial, enfim vencendo a cubana Ortiz, encerrando aquela que talvez fosse a maior freguesia do esporte mundial. Vai chegar com moral muito alta em Tóquio.

Milena Titoneli
Taekwondo

Provavelmente a menos conhecida dessa lista, Milena vai a Tóquio com a missão de conquistar para o Brasil uma medalha que o grande público não espera. Está bem cotada. Ganhou o Pan, recentemente foi novamente campeã continental, e ganhou bronze no Mundial de 2019. Icaro Miguel, que foi prata naquele Mundial na categoria mais pesada, também chega cotado.

Pedro Barros, Luiz Francisco e Kelvin Hoefler
Skate

Se as meninas são medalha certa, no masculino a briga é mais intensa, mas os brasileiros têm boas chances. No park, Pedro Barros foi campeão mundial em 2018 e Luizinho prata em 2019. No principal teste para a Olimpíada, porém, os dois esconderam o jogo. Andaram de skate igual criança, em um protesto contra a arbitragem, e não foram à final. No street, Kelvin é menos cotado. Vem de resultados ruins, mas não pode ser descartado.

Darlan Romani na prova do arremesso de peso do Pan-2019, em Lima - Washington Alves/COB - Washington Alves/COB
Imagem: Washington Alves/COB

Darlan Romani
Atletismo

Darlan Romani passou o ciclo inteiro cotado a medalha no arremesso de peso. Ele continua entre os candidatos, mas parece mais longe do que antes dos três melhores do mundo —dois americanos e um neozelandês. Os últimos meses foram difíceis para ele, que ficou sem treinador e teve casos de covid na família.

4x100m masculino
Atletismo


Foi campeão do Mundial de Revezamentos de 2019, mas apenas quarto colocado do Mundial daquele ano, bem mais forte. No Mundial de Revezamentos deste ano terminou em segundo, e depois foi desclassificado porque um dos integrantes pisou na linha. Hoje o Brasil parece estar entre as cinco principais forças da prova, mas tudo vai ter de encaixar muito bem para que a medalha venha.

Robert Scheidt
Vela

Pela primeira vez em sete Olimpíadas, Robert Scheidt não é favorito ao pódio. Competindo na classe Laser de novo, ele conta com a experiência para superar atletas muito mais novos. Recentemente, foi prata em um torneio em Portugal que reuniu boa parte dos principais atletas da classe.

Marlon Zanotelli
Hipismo

Rodrigo Pessoa também vai para a sétima Olimpíada, mas o cara do hipismo brasileiro hoje é Marlon Zanotelli. Sétimo do ranking mundial, o cavaleiro baseado na Bélgica vem de bons resultados em provas na Europa e deve brigar pelo pódio no individual. Por equipes, a experiência de Rodrigo Pessoa pode ajudar. Três conjuntos se apresentam, não há mais descarte, e qualquer errinho pode definir o resultado. Se o erro for dos outros, a medalha pode vir para o Brasil.

Henrique Avancini
Ciclismo mountain bike


Henrique Avancini chegou a liderar o ranking mundial do MTB, mas despencou para 10º lugar depois de um 10º e um 23º lugares nas etapas de Copa do Mundo deste ano. No Mundial passado, foi apenas o 10º. Ainda assim, vai a Tóquio como esperança de medalha.

Muitos outros

Se um atleta brasileiro fora desta lista ganhar medalha quer dizer que este colunista não acreditava nele? Não necessariamente. Há vários outros brasileiros que, com maior ou menor chance, podem chegar ao pódio. Listo alguns: Netinho (taekwondo), Nathalie Moellhausen (esgrima), handebol feminino, Hugo Calderano (tênis de mesa), Keno Marley (boxe), Hebert Conceição (boxe), Erica Sena (marcha atlética), Caio Bonfim (marcha atlética), Almir Cunha (salto triplo), Andressa Morais (lançaento do disco), Caio Souza (ginástica artística), Maria Portela (judô), Ketleyn Quadros (judô), Lais Nunes (wrestling), Aline Silva (wrestling), Marcelo Melo/Bruno Soares (tênis), Samuca e Gabriela (Nacra 17), Tatiana Webb (surfe).