Filho de Hortência, João Victor é o primeiro brasileiro na Vila Olímpica
"Nunca pensei em jogar basquete. Prefiro o adestramento, mesmo." Simples assim. A frase é de João Victor Marcari Oliva, filho de Hortência, campeã mundial e vice olímpica do esporte, e de José Victor, criador de cavalos e proprietário de um haras onde o garoto praticamente cresceu montando, assim como seu irmão Antônio. Nesta quarta-feira (14), João Victor deixa Aachen, na Alemanha, onde foi feita a quarentena dos cavalos da Europa, rumo a Tóquio. Será o primeiro atleta brasileiro a entrar na Vila Olímpica, na quinta-feira (15).
João Victor nasceu cinco meses antes de Hortência chegar à prata olímpica em Atlanta-1996, mas a paixão pelo esporte se voltou para os cavalos do haras do pai em Araçoiaba da Serra, interior de São Paulo, principalmente por ter um ídolo do adestramento "em casa": Rogério Clementino, que trabalhava para a coudelaria do pai e chegava às equipes brasileiras da modalidade.
Determinado, João Victor foi morar na Alemanha aos 17 anos, deixando o conforto de lado, para se especializar em um dos grandes centros de adestramento do mundo. E agora, aos 25, estará participando de sua segunda Olimpíada, alcançando as duas da mãe.
Entre sua primeira Olimpíada (a Rio-2016, quando tinha 21 anos) e esta reta final para Tóquio, descobriu-se evoluindo, ganhando experiência a cada competição, como diz. "Tenho menos estresse, a dor de barriga vai passando. Quero aprender sempre e, com mais idade, carrego mais bagagem. Claro que tenho muito que melhorar, porque sou jovem, mas venho aprimorando a técnica, que está mais afinada. Estou mais preparado."
Por causa do cavalo que monta desde setembro passado, João Victor vive em Arruda dos Vinhos, em Portugal, onde passou a fazer parte do projeto olímpico do grupo JRME Horse Campline.
Sobre 'Escorial', um Puro Sangue Lusitano de 12 anos com o qual vai competir, João Victor descreve: "Ele tem caráter, é disponível, não tem maldade. E aqui na Alemanha seguimos treinando, se mantendo dentro da pista. Minha meta em Tóquio é fazer uma boa montaria, fazer o melhor resultado que puder com ele. Olimpíada sempre é uma competição muito forte e as notas são dadas em cima disso. É pedreira. Mas, se é assim, eu encaro."
Antes da quarentena, esteve em Möhnesee, também na Alemanha, treinando com Escorial. "Aachen foi o local da quarentena para todos os cavalos do adestramento que vão à Olimpíada. Por volta de uns 60. Com a pandemia, treinamos sob condições extras, com regras e exames quase todo dia. Com menos exposição", conta João Victor.
Além do adestramento, Aachen também foi aberta para as modalidades de salto e CCE (Concurso Completo de Equitação), sob medidas de biossegurança dos animais e restritivas com relação aos atletas e o pessoal de apoio, por causa da pandemia. O transporte dos cavalos de Aachen para Tóquio requer logística ainda mais complicada, pela distância. São poucas companhias aéreas aptas a esse serviço e, além das montarias, veterinários e tratadores viajam junto, acompanhando os animais em todo o processo.
Além de estudar linhagens e criação, João Victor monta sete ou oito cavalos por dia e compete uma ou duas vezes por mês com cada um, para não esgotar os animais e evitar lesões.
"Acredito que das aulas que tive com vários técnicos, guardei o que deu certo, o que agrega na montaria - o que pode variar de acordo com cada cavalo. Mas seguir uma linha de trabalho é mais fácil. Primeiro, você tem de respeitar seu companheiro de equipe. Segundo, gostar do que está fazendo. E, terceiro, o cavalo também tem de estar gostando, porque senão a gente não vai se sair bem."
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