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Para velejadores, falta de público nas Olimpíadas não é novidade

Martine Grael tem barco levado para fora da água após o ouro na Rio-2016 - Benoit Tessier/Reuters
Martine Grael tem barco levado para fora da água após o ouro na Rio-2016 Imagem: Benoit Tessier/Reuters

Denise Mirás

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/07/2021 04h00

As velejadoras Martine Grael e Kahena Kunze só podem lembrar com muito carinho da festa pela medalha de ouro da classe 49erFX conquistada na baía da Guanabara, nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. Caso o pódio se repita nas Olimpíadas de Tóquio, a dupla terá de festejar com um público mais restrito: os companheiros de delegação brasileira e os voluntários que vão trabalhar em Enoshima, o local das disputas de vela. Afinal, por causa da pandemia, essa será uma Olimpíada sem torcedores.

Velejadores não estão muito acostumados a público, de qualquer maneira. Por isso a festa no Rio foi um momento que, para Kahena, "ficará eternizado na memória, porque será difícil vivenciar algo tão edificante e caloroso".

Como conta Robert Scheidt, que disputará sua sétima Olimpíada no Japão, as regatas normalmente se realizam longe da costa, e a falta de contato não é tão sentida. A não ser quando se fazem as medal races, mais próximas da praia. Para a vela, a diferença maior talvez seja na exposição direta aos jornalistas, que também não será permitida.

Martine não vê problema, quanto à covid-19, de participar de Jogos Olímpicos em meio à pandemia. "O Japão ainda vive o coronavírus, mas estamos em uma bolha e estou tranquila, porque me sinto em um ambiente seguro", afirma. "Estou mais preocupada com a saúde mental das pessoas." Ir para a água, para ela, é um alívio ao confinamento, que restringe caminhos entre hotel e marina.

Kahena, por seu lado, alerta que, perto do início dos Jogos, todo cuidado é pouco. "É bom ter consciência de que estamos vivendo em pandemia e é preciso manter todos os cuidados necessários, de distanciamento, testes." Para driblar o cansaço mental, conta que levou livros, cadernos de desenho e um quebra-cabeça.

As duas aguardam a maior proximidade das regatas para ter uma ideia mais clara de como estarão as condições climáticas. Para elas, em Enoshima o velejador precisa estar preparado para tudo, porque já pegaram ventos muito variáveis, e as correntes são fortes, com baía funda. "As condições são bem instáveis, mas o brasileiro é bem adaptável."