História das Olimpíadas: quem foi o primeiro medalhista olímpico do Brasil?
O Brasil demorou 24 anos para ter sua primeira delegação nos Jogos Olímpicos. Mas a espera valeu a pena. Nas Olimpíadas da Antuérpia, em 1920, o país não só debutou na competição como também fez sua estreia no quadro de medalhas. Afrânio Antônio da Costa conquistou a primeira medalha olímpica brasileira, ao ganhar a prata no tiro esportivo.
Afrânio era o chefe da equipe brasileira de tiro que se classificou para os Jogos Olímpicos. De acordo com o livro Atletas Olímpicos Brasileiros, o navio Curvello, que levou a delegação brasileira para a Bélgica, só chegaria ao local de competições uma semana após o início da disputa do tiro. Para não perderem a chance de competir, os atiradores desembarcaram em Lisboa e seguiram de trem. No trajeto por terra, a delegação foi roubada, chegando ao local sem alvos e com munição insuficiente.
Como líder do time brasileiro, Afrânio se aproximou da equipe dos Estados Unidos que, bem equipada, acolheu a delegação do Brasil e compartilhou alvos, armas e munição. Foi graças à generosidade dos rivais que, em 2 de agosto de 1920, o país conquistou sua primeira medalha olímpica, a prata na pistola livre. No mesmo dia, Afrânio também participou da disputa por equipes, e ajudou o Brasil a alcançar o pódio mais uma vez: o time brasileiro ganhou o bronze.
Afrânio, que nasceu em Macaé (RJ) em 14 de março de 1892, representava o Fluminense. Diretor de tiro esportivo do clube, foi um dos incentivadores da construção do estande da agremiação, onde a equipe brasileira fez sua preparação para a estreia olímpica. Em 1923, Afrânio participou da fundação da Federação Brasileira de Tiro, que se tornaria Confederação Brasileira - em 1947, foi eleito presidente da entidade. Em sua vitoriosa carreira como atirador, foi campeão brasileiro 17 vezes e conquistou um total de 154 títulos.
Além de ter inscrito seu nome na história olímpica, Afrânio da Costa também teve uma brilhante atuação na área jurídica. Antes de conquistar a prata nos Jogos Olímpicos, o atirador já tinha se formado em Direito na Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, em 1912. Compartilhou um escritório de advocacia com seu pai, também advogado, até 1931, quando foi nomeado juiz.
Afrânio teve uma atuação destacada na magistratura. Foi ministro do Tribunal Federal de Recursos e ministro do Supremo Tribunal Federal, tendo comandado as eleições para a Presidência da República e para o Congresso Nacional em 1945. Após sua aposentadoria, foi administrador da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro por 16 anos, de 1960 a 1976.
Afrânio Antônio da Costa morreu em 26 de junho de 1979, aos 87 anos, no Rio de Janeiro.
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