Álvaro José conta que já precisou tirar a roupa para cobrir as Olimpíadas
Na manhã da próxima sexta-feira, Álvaro José vai acompanhar in loco pela 11ª vez a pira olímpica ser acesa para dar início a mais uma edição das Olimpíadas. Em Tóquio, no Japão, o jornalista de 65 anos segue com uma história que começou nos Jogos de Moscou, em 1980, e que é repleta de causos, perrengues e momentos emocionantes.
Entre as dificuldades na cobertura, Álvaro José destaca uma passagem nos Jogos Olímpicos de Seul, na Coreia do Sul, em 1988, quando precisou até tirar a roupa para poder trabalhar na cobertura das Olimpíadas.
"O pior perrengue que eu vivi na vida foi, sem dúvida alguma, o sistema de segurança, não da União Soviética em 80, mas da Coreia em 88, porque tinha sido derrubado um boeing da Korea Air em cima de uma ilha por um míssil soviético, então estava um estado de beligerância. A gente tinha que chegar no aeroporto seis horas antes, tinham vários check points que nós precisávamos passar e realmente isso foi muito desgastante. Foi um grande perrengue, pois nós precisamos tirar tudo, até a roupa. Agora imagina se fosse na era de hoje, que eles querem averiguar microfone, computador e tudo mais. Não teria condições", disse em entrevista ao UOL Esporte.
Por outro lado, a participação na cobertura olímpica também rendeu momentos inesquecíveis, como a narração de várias medalhas brasileiras e a transmissão da última vez que o amigo Luciano do Valle narrou uma abertura de Olimpíada.
"Eu tive muitos momentos importantes nessas dez Olimpíadas passadas. Alguns realmente foram mais fortes e emblemáticos. O Joaquim Cruz, em 84, em Los Angeles, quando eu fiz a narração dele ganhando a medalha de ouro. O Aurélio Miguel em 88 também ganhando a medalha de ouro de judô. Em 92, o Rogério Sampaio, também no judô, que foi algo emocionante para mim. Outra emoção muito grande foi na narração de revezamento de Sidney em 2000, a medalha de prata que já deveriam ter dado ouro para os caras porque o norte-americano Tim Montgorney correu dopado na classificação", disse.
"Outro momento marcante foi a abertura da Olimpíada de Pequim, que eu fiz com o Luciano do Valle, a última abertura que ele fez na vida. Nunca mais ele entraria em um estádio olímpico e faria uma abertura. Foi algo muito tocante e que depois eu vi o tamanho daquela coisa quando nós gravamos Pequim Incrível para a Bandeirantes. E, por fim, os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, que foi um negócio espetacular. O Tiago Braz vencendo a medalha de ouro e a Olimpíada acontecendo em nosso país", completou.
Last Dance de Michael Jordan
Outro momento marcante da carreira de Álvaro José foi narrar ou comentar os jogos de Michael Jordan e do timaço do Chicago Bulls na Band nos anos 90.
"Narrar o Michael Jordan foi uma experiência realmente espetacular, que eu sempre faço questão de frisar. Nós fizemos os seis títulos do Jordan, mas eu só narrei a última cesta, The Last Dance, do atleta porque o Luciano do Valle estava na Copa do Mundo de 1998, na França", lembra Álvaro José.
"Eu transmiti o primeiro embate do Chicago Bulls contra o Utah Jazz (em 1996) e o segundo tão histórico em 1998, que deu uma audiência realmente impressionante. Foi uma audiência maior que a de Brasil e Escócia pela Copa do Mundo, pois nós chegamos a 16 pontos no jogo 5 e no jogo 6. Não em média, mas em pico, e 12 pontos praticamente ao longo do jogo. Mas era aquele negócio, a Copa do Mundo da França tinha um interesse tremendo, e claro que acabou sufocando aquelas finais da NBA. Mas no final do documentário 'The Last Dance' tem todas as narrações do mundo e a minha está lá mixada, isso não tem preço para mim", completou.
Planos para o futuro
Quem pensa que Álvaro José está cansado dessa vida está enganado. O narrador e comentarista da BandSports quer cobrir pelo menos mais duas Olimpíadas.
"Sou um dos raros (jornalistas) que está em atividade e fez a transmissão dos Jogos em Los Angeles em 1984. Imagina o que é entrar no estádio olímpico de Los Angeles e fazer mais uma Olimpíada no mesmo lugar (em 2028). Pouquíssimos profissionais do mundo conseguiram isso. Muitos poucos conseguiram trabalhar em uma Olimpíada em seu próprio país e fazer a transmissão no mesmo país em duas edições tão diferentes com muito tempo de diferença. Para mim, realmente essa é a minha meta. É difícil chegar lá, mas encerraria minha carreira com a chave de uma pirâmide de ouro", disse Álvaro José.
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