Futebol e softbol foram tira-gosto e encerraram jejum de Olimpíadas
Nunca se esperou tanto por uma Olimpíada quanto se esperou pela de Tóquio, que começou hoje (21). Já se passaram quase cinco anos desde que o então primeiro-ministro japonês Shinzo Abe surgiu de um cano, tal como Mario Bros, no centro do gramado do Maracanã e recebeu formalmente a responsabilidade de organizar aquela que seria, a partir dali, a próxima Olimpíada de Verão.
Historicamente, o ciclo entre o fim de uma Olimpíada e o começo da outra leva quatro anos. Desta vez foram cinco, sendo os últimos 16 meses angustiantes para o mundo que passou a conviver com uma pandemia que já matou mais de 4 milhões de pessoas. Mudança similar no calendário só ocorreu quando o mundo enfrentou as duas Guerras Mundiais.
A cerimônia de abertura é só daqui a três dias, considerando o horário do Japão, onde eu estou, mas a bola ter rolado em partidas femininas de softbol e futebol serviu para encerrar esse jejum. A verdade, porém, é que os jogos mal serviram de tira-gosto.
Dentro da bolha que os jornalistas podem frequentar em Tóquio, esses eventos causaram pouco impacto. Ninguém parou diante das dezenas de televisões de tela plana do centro de mídia para assistir a um lance sequer das partidas. Poucas cabeças viraram para assistir aos gols de Marta, a linha de passe da seleção feminina de futebol do Brasil, ou para ver no replay os gols da surpreendente derrota da equipe americana para a Suécia, que usava um chamativo uniforme amarelo fluorescente.
Para o público brasileiro, cada vez mais interessado no futebol das mulheres, o começo dos Jogos Olímpicos parece ter causado um impacto maior. A transmissão da partida de estreia fez com que 44% das televisões ligadas no Rio estivessem sintonizadas na Globo durante o período do jogo. Em São Paulo, o share chegou a 48%. Nas duas praças, os números prévios apresentaram aumento na comparação com a média do ingrato horário do comecinho da manhã, de 20% no Rio e 33% em São Paulo.
Essa audiência tende a ser ainda maior amanhã, quando o Brasil enfrenta a Alemanha pelo futebol masculino, na reedição da final da última Olimpíada. No Brasil, especificamente, esses confrontos servem para levar rapidamente os Jogos Olímpicos para o grande público, escancarando as portas para as modalidades e atletas menos populares.
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