Desconfiança antes de Tóquio fez Bárbara se sentir desafiada na seleção
Bárbara ficou muito conhecida no país durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Ela classificou a seleção brasileira de futebol feminino nas quartas de final ao defender dois pênaltis contra a Austrália e ainda pegou mais um da Suécia na fase seguinte, o que não impediu a eliminação da equipe. Apesar do bom desempenho, a goleira chegou às Olimpíadas de Tóquio cinco anos depois sob contestações.
"Posso garantir que ela se sentiu muito desafiada pelas críticas que recebeu nestes últimos meses", diz Felipe França, preparador de goleiras do Avaí Kindermann, time em que Bárbara atua há cinco temporadas.
Como resposta às opiniões negativas, a goleira de 33 anos foi um dos destaques da goleada por 5 a 0 sobre a China, na primeira rodada das Olimpíadas. Foram três defesas difíceis no momento em que o Brasil perdeu o controle do jogo e sofreu forte pressão, o suficiente para elogios e conselhos da técnica Pia Sundhage.
Bárbara fez um bom jogo [contra a China], nos salvou. É ótimo passar o primeiro jogo sem ser vazado, o que é um esforço do time, mas com grande participação da Bárbara. Tratar o time e a ela mesma com pensamentos positivos é como vamos fazer. As pessoas falam dela nas mídias sociais, têm opiniões, é claro, mas se você for esperto você confia mais no seu time do que em qualquer outro."
As críticas que incomodaram Bárbara nos últimos tempos dizem respeito ao seu desempenho. No Brasileirão Feminino que será retomado a partir das quartas de final pós-Olimpíada alguns momentos foram marcantes, como sua expulsão por reclamação em partida contra o Palmeiras e a campanha oscilante do Avaí Kindermann que se classificou em oitavo lugar com a segunda pior defesa. Além disso, há considerações sobre sua suposta insegurança, principalmente em saídas de bola erradas e alguns sustos.
Em resumo: sua titularidade absoluta na seleção brasileira é contestada por muitos que acompanham o futebol feminino, ainda mais porque as concorrentes Letícia e Aline Reis estão em alta e atuam no futebol europeu. O comportamento fora de campo também faz parte do pacote: neste ano, Bárbara chegou a ofender no Instagram comentaristas da "Band".
Pia Sundhage já argumentou que Bárbara é titular porque o time está acostumado a jogar com ela na posição e a sequência precisa ser valorizada. A goleira tem quatro edições da Copa do Mundo no currículo e está na quarta Olimpíada. Para Felipe França, que trabalha individualmente com ela há quase seis anos, este lugar não é ocupado por acaso.
"Em determinado momento ela procurou não entrar muito nas críticas, no que o pessoal falava dela, e assumiu esse foco de fazer uma grande Olimpíada para mostrar a qualidade que ela tem. É a quarta edição, isso não acontece à toa. Mas ela se sentiu, sim, desafiada, e compramos essa ideia pensando não só na questão da atleta, mas da pessoa que tem objetivos e precisa estar no mais alto nível. Treinamos pra caramba e tenho a opinião de que ela vai surpreender muitas pessoas que a criticavam", diz o preparador de goleiros, ao UOL Esporte.
Segundo o profissional do Avaí Kindermann, Bárbara é uma jogadora de muita explosão e potência muscular, que consegue atacar a bola com eficiência e tem boa leitura de jogo, mas nos últimos meses foram necessários treinamentos para desenvolver outros fundamentos, como o jogo com os pés e agilidade. O resultado de tudo isso é o que será visto.
Ela vem numa grande volta por cima e mostra que além do histórico tem potencial para ser a número 1. Ano passado teve uma lesão grave na coxa, não fosse o adiamento da Olimpíada provavelmente teria ficado fora. Esse ano também teve um jogo do Brasileiro em que ela sofreu uma entorse no tornozelo e perdeu três rodadas, mas se recuperou com dedicação e buscando evolução sabendo da importância que tem para o clube e para a seleção. Que agora ela faça um bom torneio e traga o ouro, será a grande revolução do futebol feminino."
Para Felipe França, o desempenho de Bárbara nas Olimpíadas do Rio foi o pontapé inicial da evolução da posição no futebol brasileiro e a próxima geração tende a ser ainda melhor. Mas por enquanto a missão da velha guarda representada pela veterana de 33 anos é repetir o que fez contra a China amanhã (24), às 8h, contra a Holanda, pela segunda rodada.
FICHA TÉCNICA
HOLANDA x BRASIL
Competição: Jogos Olímpicos de Tóquio, 2ª rodada do Grupo F
Local: Estádio de Miyagi, em Miyagi (Japão)
Data/hora: 24 de julho de 2021 (sábado), às 8h (de Brasília)
Árbitra: Kate Jacewicz (Austrália)
Assistentes: Kyoung Min Kim e Seul Gi Lee (ambas da Coreia do Sul)
VAR: Erick Miranda (México)
HOLANDA: Van Veenendaal; Dominique Janssen, Stefanie Van der Gragt, Nouwen e Van Dongen; Jackie Groenen, Jill Roord e Danielle de Donk; Van de Sanden, Miedema e Martens. Técnica: Sarina Wiegman.
BRASIL: Bárbara; Bruna Benites, Érika, Rafaelle e Tamires; Formiga, Andressinha, Duda (Andressa Alves) e Marta; Bia Zaneratto e Debinha. Técnica: Pia Sundhage.
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