Yusra Mardini nadará nas Olimpíadas após nadar pela própria vida
Quando cair na piscina para disputar os 100 metros borboleta, às 7h25 do próximo sábado (24), Yusra Mardini estará num território conhecido: a água. Foi nela que passou o pior momento da vida quando precisou nadar, no mar Egeu, para sobreviver enquanto fugia em busca da sobrevivência. Porta-bandeira dos atletas refugiados, a nadadora tem uma dessas histórias marcantes que assistimos e conhecemos a cada Jogos Olímpicos.
Mardini tem 23 anos e vai para a segunda Olimpíada da sua carreira. Ela fez parte do primeiro grupo de atletas que disputou, na Rio-2016, a competição sob a bandeira do Comitê Olímpico Internacional (COI) representando os refugiados. "Me sinto muito, muito abençoada e com muita sorte por fazer parte do time", disse.
A delegação nesta edição contará com 29 atletas, quase o triplo dos 10 que disputaram as últimas Olimpíadas. "Às vezes eu queria apenas ser uma adolescente normal, mas lembro que nós, mesmo em pequeno número, representamos muita esperança não apenas para refugiados, mas para outros jovens do mundo", comentou.
A delegação é pequena e também muito jovem, o que, na visão da atleta, é ainda mais importante. "Acho que estamos todos na casa dos 20 anos, então é uma enorme responsabilidade representar quase 80 milhões de pessoas refugiadas ao redor do mundo", afirmou.
Mardini tem propriedade para falar dos números da causa. Além de ser uma refugiada, também é embaixadora da ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), agência da ONU que atua para assegurar e proteger os direitos das pessoas em situação de refúgio. Atualmente, mora com a família em Hamburgo, na Alemanha, onde também realiza os treinamentos.
A fuga da Síria
Nascida na Síria, ela já era nadadora quando, em 2015, sua casa foi destruída em meio à guerra civil no país. Após ver a casa destruída, decidiu fugir e começou o tortuoso caminho para fora da sua terra natal.
Junto da irmã, saiu com um grupo de sírios que também buscava deixar o país. Passou por Líbano, Turquia e, de lá, pagou 'contrabandistas' para levá-las à Grécia.
A primeira tentativa de chegar no país que deu origem aos Jogos Olímpicos foi frustrada pela guarda costeira turca, mas o grupo não desistiu. Em nova tentativa, ela, a irmã e outras 18 pessoas conseguiram fugir. O barco, que não tinha capacidade para transportar esse número de pessoas, começou a afundar. Malas foram jogadas no mar Egeu, na tentativa de melhorar.
O último recurso foi descer do barco, junto da irmã e de outra pessoa que também sabia nadar. Assim, nadaram e empurraram o barco por três horas e meia até chegar na ilha grega de Lesbos.
A experiência a deixou traumatizada com relação aos mares e oceanos, mas não acabou com a paixão pela água. Após passar por Macedônia, Sérvia, Hungria e Áustria, conseguiu se estabelecer na Alemanha.
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