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Ginasta de 46 anos é ovacionada e chora em sua despedida após 8 Olimpíadas

Ginastas tietam Oksana Chusovitina após a qualificação do salto - Ezra Shaw/Getty Images
Ginastas tietam Oksana Chusovitina após a qualificação do salto Imagem: Ezra Shaw/Getty Images

Demétrio Vecchioli

Do UOL, em Tóquio

25/07/2021 14h00

Oksana Chusovitina saiu pela última vez de um tablado olímpico sem olhar para trás. Enquanto ainda estava buscando a saída, a uzbeque recebeu os aplausos de quatro voluntários da limpeza. Tirou as últimas fotos com as mesmas meninas que têm idade para serem filhas, quem sabe até suas netas, que minutos antes haviam sido suas adversárias, e também, tietes.

É o fim de uma das carreiras mais marcantes da história da ginástica artística mundial, ainda que não seja, nem de perto, uma das mais vitoriosas. Chusovitina está no olimpo da modalidade por tudo que viveu ao longo de quase três décadas como atleta olímpica e, mais do que isso, como ginasta de alto rendimento. Neste domingo (25), ela se aposentou aos 46 anos, em sua oitava participação nos Jogos.

Como terminou sua participação no salto na 14ª colocação, e apenas oito atletas vão à final, ela não se classificou para a decisão de medalhas do aparelho, único no qual competiu.

Assim que encerrou a prova, Chusovitina foi ovacionada pelas poucas pessoas no ginásio, uma comunidade que tem enorme respeito pela sua história. Rivais de outras seleções, técnicos, árbitros, jornalistas, fotógrafos, quase todos pararam o que estavam fazendo para aplaudi-la longamente, até que ela subisse em uma posição mais central do tablado para continuar ouvindo as palmas. Ela foi às lágrimas.

"Foi muito bacana. Minhas lágrimas foram de felicidade, porque muita gente me deu apoio durante todo esse tempo", afirmou Chusovitina, que não se importou de não ter uma chance adicional de se apresentar em Tóquio. "Eu não estava olhando para resultados. Estou muito orgulhosa e feliz. Estou dando adeus ao esporte, então os sentimentos são um pouco confusos. Mas estou viva, não tenho lesões e ainda posso ficar em pé sozinha", completou, aos risos.

As ginastas que participaram da quarta e penúltima subdivisão da fase de classificação se dirigiram quase todas até onde estava a uzbeque para abraçá-la e tirar uma última foto. Todos vivem em Tóquio um momento especial, pela participação olímpica, pela ausência de público, pela pandemia. Mas só elas estiveram na despedida de uma ginasta que marcou a história.

Nascida no Uzbequistão em 1975, a ginasta foi campeã por equipes em Barcelona-1992 competindo pela Equipe Unificada, com atletas da ex-União Soviética. Em Sydney-2000, aos 25 anos, competiu um ano após o nascimento de seu filho, Alisher.

Aquela seria sua última Olimpíada, não fosse o diagnóstico de leucemia do garoto em 2002. Chusovitina se mudou com o filho para a Alemanha, para o tratamento do filho. E decidiu voltar à ginástica como forma de conseguir pagar os custos médicos. Naturalizou-se alemã, e defendeu o país em Pequim-2008 e Londres-2012. Na Rio-2016, voltou a defender seu país natal.

Se Chusovitina decidiu voltar da aposentadoria por causa de Alisher, é por causa do filho, que agora tem 22 anos, que ela vai encerrar de vez a carreira. "Eu quero passar mais tempo com o meu filho. Ele vai para a universidade esse ano, na Itália, e quero estar por perto."