Karen Jonz explica sucesso ao comentar skate na TV: 'não dá pra esculachar'
Nos últimos dias, Karen Jonz viu sua participação no SporTV como comentarista de skate nas Olimpíadas de Tóquio ganhar grande repercussão nas redes sociais. Tetracampeã mundial, a skatista, que fez sua estreia na função, diz que não esperava essa reação do público. "Fui lá para comentar, com o coração e uma missão de levar informação sobre as meninas, que eu conheço, porque acompanho o skate feminino desde o começo. Então, eu queria levar informação. Eu não esperava que levasse entretenimento", afirmou Karen, em entrevista ao UOL Esporte.
Ao lado do narrador Sérgio Arenillas e do também skatista Rony Gomes, outro especialista no esporte, Karen fez comentários sobre as competições feminina e masculina da modalidade street, que foram realizadas no último final de semana, e nas quais os brasileiros Rayssa Leal e Kelvin Hoefler conquistaram suas respectivas medalhas de prata. Bem-humorada e espontânea, Karen comparou o americano Jagger Eaton ao cantor brasileiro Felipe Dylon, disse que a belga Lore Bruggeman 'xerecou no campeonato' após a skatista cair no corrimão, entre outras tiradas.
Assim foi roubando a cena. Mas o 'xerecou' rendeu uma bronca da direção. "Eles pediram para eu segurar um pouco", revelou. "A gente estava muito à vontade ali, então, às vezes, eu até esquecia que estava na TV. Eu e o Lucas [Silveira, músico e seu marido], a gente fica em casa assistindo às coisas e comentando filme, Oscar... A gente gosta de comentar e interagir também".
Mesmo levando seu jeito sincero à bancada, a skatista conta que se preocupou em passar as informações de forma séria e didática. "Gosto muito de comunicação, de traduzir sensações para palavras que as pessoas consigam entender. A galera estava até falando: vou precisar de uma tecla SAP, é um muito difícil entender os nomes das manobras. Ao mesmo tempo, você não precisa entender tudo o que está acontecendo para olhar e achar legal", avaliou.
"Mas o técnico é importante também. Fiquei pensando muito nisso: que legal que está todo mundo achando engraçado, mas não é um stand-up, não é uma piada. É uma coisa muito séria. Eu estava prestando muita atenção para equilibrar esse papel de estar relaxado, divertido, porque o skate é isso, mas também não dá para esculachar, tem que manter uma compostura, um respeito em relação às meninas que estavam ali, aos caras. Tentei seguir isso, seguir meu coração, e deu certo."
Assim, Karen conquistou não só iniciados no esporte, como ainda leigos, descomplicando os termos das manobras em inglês. E seu estilo agradou em cheio a um público jovem que interage nas redes. "A molecada estava mandando mensagem: estou colocando no SporTV, porque está muito divertido lá. Virou uma comunidade, parecia amigos assistindo juntos e comentando".
Ela também não conteve sua emoção diante da participação das skatistas brasileiras Rayssa Leal, Letícia Bufoni e Pâmela Rosa. Chorou quando Letícia errou sua manobra e quando Rayssa ganhou sua medalha. Mas, seguindo o espírito do skate, Karen diz que torcia por todas as competidoras, independentemente de sua nacionalidade. "A gente tem cultura de torcer para todo mundo errar. Foi um pouco estranho para os espectadores entenderem por que eu estava torcendo para a americana acertar, para a filipina acertar. A galera da internet achou que eu estava contra, mas não: no skate, a gente tem a cultura de torcer para todo mundo acertar, e que vença o melhor".
Karen, que mora em São Paulo, volta ao estúdio do SporTV, no Rio, na próxima semana para comentar as últimas competições do skate nas Olimpíadas, agora na categoria park.
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