Prata no judô é iraniano e se naturalizou mongol após ser obrigado a perder
Imagine treinar com o objetivo de se tornar um campeão e, durante uma competição, receber a determinação para perder propositalmente? Pode parecer inimaginável, mas foi o que acontecer com Saeid Mollaei, que hoje (27) — dois anos após o episódio — conquistou a medalha de prata na categoria até 81kg do judô nas Olimpíadas de Tóquio.
Mollaei, de 29 anos, é iraniano de origem, mas teve que se naturalizar como mongol após um conflito político. Em 2019, coincidentemente também no Japão, ele disputou o Mundial da modalidade ainda pelo Irã. Defendendo seu título, o judoca enfrentou nas semifinais o belga Mathias Casse. Caso avançasse, faria a final contra o israelense Sagi Muki, mas por conta dos graves problemas entre os dois países, recebeu uma determinação do regime iraniano para "entregar" a luta e evitar o duelo com o atleta de Israel com direito à ameaça aos seus familiares.
Mollaei, então, perdeu para o representante da Bélgica, mas pouco tempo depois decidiu por revelar o escândalo, fato que o fez ter medo de sofrer consequências ao retornar ao Irã.
"Preciso de ajuda. Mesmo se as autoridades do meu país disserem que posso voltar sem problemas, estou com medo. Estou com medo do que pode acontecer com minha família e comigo", disse Mollaei em um comunicado publicado pela Federação Internacional de Judô (IJF) na época.
Mollaei acabou desertando para a Alemanha, voltando a competir pelo time de refugiados. Porém, em dezembro de 2019, o judoca recebeu um convite de cidadania da Mongólia e começou a lutar pelo país que lhe abriu as portas. Neste ano, o Comitê Olímpico Internacional (COI) autorizou Mollaei a disputar as Olimpíadas de Tóquio por sua nova bandeira.
Após uma grande campanha nas fases preliminares, o iraniano-mongol perdeu na final para o japonês Takanori Nagase no "golden score" ao sofrer um ippon. Embora não tenha se tornado campeão olímpico, o judoca vibrou bastante com a prata e foi reverenciado por seu adversário.
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