Simone Biles deixa disputa por equipes na ginástica por "questões médicas"
Maior nome da ginástica na atualidade, Simone Biles abandonou a final por equipes da ginástica artística dos Jogos Olímpicos de Tóquio, nesta terça-feira (27), logo após uma apresentação ruim em seu aparelho de estreia, o salto. Foi um anticlímax na primeira disputa de medalhas da norte-americana, que chegou no Japão sob a expectativa de conquistar os seis ouros disponíveis na competição feminina.
Agora, Biles tem menos um na conta. O Comitê Olímpico dos EUA confirmou que a atleta deixou a prova por "questões médicas". A imprensa americana tem sido unânime em dizer que Biles não sofre com lesões, mas com questões psicológicas.
Assim que encerrou a prova do salto, Simone Biles foi fotografada por uma fileira de fotógrafos sentados um atrás do outro nas arquibancadas, todos posicionados no melhor ângulo possível para registrá-la. Enquanto o time americano olhava tenso para o telão esperando as notas das assimétricas, todos os fotógrafos e cinegrafistas autorizados a ficarem na área de competição estavam ajoelhados diante de Biles, já de moletom, retirada da competição.
Depois de ter a pior nota de saída, a pior nota de execução e, consequentemente, a pior nota geral da rotação no salto que tinha EUA e Rússia, Biles deixou o ginásio sob olhares perplexos de jornalistas e adversárias já eliminadas que foram ao ginásio só para vê-la.
Simone Biles está em Tóquio como grande estrela do esporte, para ser consagrada em sua segunda Olimpíada, e por causa dela o Ariake Gymnastics Center estava cheio para a final por equipes. Claro que não havia nenhum torcedor comum, daqueles que compram ingresso, por causa da proibição imposta pelo governo local, mas muita gente aproveitou sua credencial para bater cartão no ginásio. Na arena estavam desde dirigentes de países como Lesoto, Ilhas Cook e Ruanda até as autoridades máximas do comitê olímpico dos EUA e do Comitê Olímpico Internacional (COI).
A final por equipes da ginástica artística é um dos eventos de primeira grandeza dos Jogos. Por reunir quase todo o G7 da economia mundial — só a Alemanha ficou de fora, dando lugar a Itália e Bélgica —, há tanto interesse da imprensa que só quem tem um convite especial consegue entrar no ginásio.
Biles, é claro, era a estrela desse show. Sem perder uma competição de ginasta mais completa do mundo desde 2013, ano em que entrou na categoria adulta, a norte-americana ganhou quatro ouros na Rio-2016 e cinco no último Mundial, disputado em 2019. É muito mais fácil contar as vezes em que ela não ganhou do que os ouros conquistados.
Mas, em Tóquio, algo está dando errado. Ainda não está claro o quê. Na fase de classificação, Biles deu três passos para trás no salto, a ponto de sair do tablado. No salto, não cravou. Nas assimétricas, errou. No salto, quase caiu. Por ela ser Biles, muito melhor que as demais, ainda assim a soma de suas notas a deixou em primeiro no individual geral e classificada para três finais por aparelhos.
Ainda assim, para o nível Biles, para a melhor de todas em todos os tempos, é pouco. E por isso esperava-se que a resposta começasse a vir hoje, na competição que é tida como a mais importante na ginástica, pelo espírito de equipe. Esse compromisso talvez justifique por que ela continuou na área de competição, executando com leves movimentos de braços e pernas os exatos exercícios que suas colegas faziam na trave, no solo e nas assimétricas.
Sem Biles, os EUA perderam uma hegemonia nas provas por equipes femininas que vinha desde 2013, exatamente quando ela estreou no adulto. A vitória ficou com o time olímpico da Rússia, com as americanas em segundo lugar. Ao receber a prata, no pódio, Biles parecia disposta. Antes da cerimônia, ela recebeu a atenção de Thomas Bach, presidente do COI.
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