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ANÁLISE

Como medalha de ouro de Ítalo pode fortalecer ainda mais o surfe no Brasil

Ítalo Ferreira, primeiro campeão olímpico do surfe  - Ryan Pierse/Getty Images
Ítalo Ferreira, primeiro campeão olímpico do surfe Imagem: Ryan Pierse/Getty Images

Marcello De Vico

Colaboração para o UOL, em Santos (SP)

28/07/2021 04h00

Quem acompanhava o surfe mundial antes das Olimpíadas de Tóquio já tinha uma ideia de que o Brasil dificilmente ficaria sem a medalha de ouro na categoria masculina. Não fosse Medina, seria Ítalo, e vice-versa. E assim foi. Isso acontece porque o país verde e amarelo domina o esporte já há alguns anos, e não é simplesmente pelos títulos de Gabriel Medina em 2014 e 2018, de Mineirinho em 2015 e de Ítalo Ferreira em 2019.

Além de contar com os melhores, o Brasil também tem variedade. Não temos só mais um ou dois favoritos ao título mundial como era na época em que Gabriel Medina e Mineirinho conquistaram seus primeiros canecos. Nós temos logo três, e mais nenhum concorrente à altura —exceção feita ao havaiano John John Florence, bicampeão que deixou de ser forte candidato por causa da infeliz sequência de lesões.

Hoje, o pensamento do início do texto para o ouro brasileiro vale de olhos fechados para o Mundial: se não der Medina, vai dar Ítalo. Se não der nenhum dos dois, Filipinho —que já vem merecendo o caneco— leva. Tá, mas o que tudo isso tem a ver com o título dessa matéria? Simples: a medalha de ouro do potiguar de Baia Formosa (RN) tende a deixar o Brasil ainda mais favorito dentro da água, seja no Mundial ou até mesmo nas próximas Olimpíadas.

Quantas crianças não devem ter acordado na segunda-feira sonhando em ganhar uma prancha? Se antes os brasileiros do circuito já serviam de inspiração para muitos meninos e meninas que lotam escolinhas de surfe espalhadas pelo país, imagina como uma medalha de ouro num evento do tamanho de uma Olimpíada pode servir de vitrine para tornar o esporte ainda maior no país, em todos os sentidos. E aqui, claro, entra aquela lista de "como fazer" que já sabemos de cor e salteado: incentivo, apoio, profissionalismo, transparência, credibilidade, e por aí vai.

Por mais que o Brasil já seja uma realidade no surfe mundial com quatro títulos desde 2014 e amplo favoritismo na atual e nas próximas temporadas, o peso de uma Olimpíada é inquestionável. Temos a chance de transformar o atual domínio brasileiro em uma longa e duradoura tempestade; basta não deixar o trem (ou a nuvem) passar.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL