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Rebeca: um ouro perdido em dois passinhos, uma prata ganha com uma ligação

Denise Mirás

Colaboração para o UOL, de São Paulo

29/07/2021 11h30

Dois passinhos. Um, com desconto de 0.30 por ter saído do tablado. O outro, foi de menos 0.10. A soma de 0.40 tirou o ouro de Rebeca Andrade no solo da final do individual geral da ginástica artística, nesta quarta (29). Mas, para compensar, o 0.10 conquistado num pedido de recurso na trave valeu a prata dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que veio por um centésimo na nota.

Feliz da vida com a conquista da medalha, Rebeca disse que, na hora dos erros, não pensou no pódio. "Pensei: 'putz, dei dois passos fora do solo'". No fim, fiquei feliz pra caramba, meu médico chorou. A alegria está transbordando, estou muito feliz! Fiz três cirurgias e tive várias oportunidades para desistir. Mas eu não desisti."

Da mesma forma que 0.40 foram descontados no solo de Rebeca, a ginasta acabou somando 0.10 na trave após a apresentação de um recurso pela comissão técnica brasileira - isso acontece quando os treinadores não concordam com a atribuição da nota dada pelos juízes. E o recurso apresentado ao chamado Júri Superior foi determinante. O Brasil requisitou 0.10 de uma ligação não contabilizada na trave - o que acabou sendo admitido - e que na soma total valeu a medalha de prata: a russa Angelina Melnikova, medalha de bronze, teve 57.199, mas Rebeca chegou a 57.298. O ouro da norte-americana Sunisa Lee veio com 57.433.

Árbitra internacional e coordenadora do Cegin, equipe paranaense em que Rebeca teve uma rápida passagem no início da carreira, Eliane Martins afirmou que esses décimos não importaram para a ginástica artística feminina brasileira, já que era a medalha esperada havia muitos anos.

"A prata coroa o trabalho que vem de tantos técnicos, sem recursos, sem aparelhos, sem patrocínios... Para a ginástica, a prata equivale a um movimento enorme, porque por muito tempo ninguém acreditava que brasileiras podiam superar russas, romenas, norte-americanas", comentou a coordenadora do centro onde foi também foi formado o técnico Francisco Porath Neto, que acompanha Rebeca em toda sua carreira. "E não podemos esquecer ainda que a prova dela individual é o salto. Ela tem toda chance de ouro", destacou Eliane, sobre a final que será realizada dia 1 de agosto, a partir das 5h.