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Laura e Luisa viram sobre russas e faturam 1ª medalha do tênis brasileiro

Domitila Becker e Felipe Pereira

Do UOL, em Tóquio (Japão)

31/07/2021 05h21Atualizada em 31/07/2021 10h27

Com uma virada espetacular, após salvarem quatro match points diante da fortíssima dupla russa Elena Vesnina e Veronika Kudermetova, Laura Pigossi e Luisa Stefani conquistaram, neste sábado (31), a primeira medalha olímpica da história do tênis brasileiro. Na disputa pelo bronze, as paulistas fizeram 4/6, 6/4 e 11/9 contra as atuais vice-campeãs de Wimbledon e conquistaram o direito de subir ao pódio dos Jogos Olímpicos Tóquio-2020.

A medalha, que só será entregue amanhã após a final entre Barbora Krejcikova/Katerina Siniakova (TCH) e Belinda Bencic/Viktorija Golubic (SUI), é o ato final de uma campanha tão surpreendente quanto espetacular. Até oito dias antes de sua estreia na capital japonesa, as brasileiras não tinham vaga na competição. Laura e Luisa só receberam a notícia de sua classificação no dia 16 de julho, o último dia em que isso era possível.

Laura Pigossi estava no Cazaquistão jogando um torneio e Luisa Stefani estava dormindo em sua casa nos Estados Unidos. O gerente de eventos e esportes da Confederação Brasileira de Tênis ligou várias vezes e Luisa não acordou. "Nada tira meu sono", falou a jogadora na zona mista das quartas de final. As duas se encontraram em Tóquio e, desde então, não pararam de surpreender. Em todos os jogos, entraram com as rivais como favoritas. E mesmo assim chegaram ao pódio olímpico.

Primeiro, bateram a parceria canadense, cabeça de chave 7, formada por Gabriela Dabrowski e Sharon Fichman. Depois, salvaram quatro match points e derrotaram as tchecas Karolina Pliskova e Marketa Vondrousova. Nas quartas, superaram as cabeças 4, Bethanie Mattek-Sands e Jessica Pegula, dos Estados Unidos. As brasileiras perderam apenas a semifinal para as suíças Belinda Bencic e Viktorija Golubic.

Com a medalha, Laura e Luisa superaram a marca de Fernando Meligeni, que até hoje era o brasileiro com melhor campanha em Jogos Olímpicos. Em Atlanta-1996, Fininho ficou entre os quatro primeiros, mas perdeu a semifinal e a disputa pelo bronze —a última, para o indiano Leander Paes.

Como aconteceu

A dupla russa mostrou sua força desde o começo. Já no segundo game, com boas devoluções e uma excelente passada de Vesnina, as europeias tiveram um break point e converteram quando Laura errou um voleio. Quando Kudermetova confirmou seu serviço, a parceria russa abriu 3/0.

Pigossi também teve seu saque ameaçado no quarto game, mas se salvou de quatro break points graças a três erros não forçados e mais uma falha forçada de Vesnina. As brasileiras tiveram duas chances de devolver a quebra no quinto game, mas não aproveitaram as oportunidades.

Situação diferente do sétimo game. Kudermetova começar a falhar, e desta vez as brasileiras não perdoaram. Quando Veronika errou uma paralela, Laura e Luisa devolveram a quebra e igualaram o set em 4/4 pouco depois graças a ótimas intervenções de Stefani junto à rede.

O jogo ficou tenso e as russas venceram um duro nono game e voltaram. Luisa sacou para manter o Brasil no jogo, mas dois erros de voleio contribuíram para a perda do set por 6/4 a favor das russas.

Reação imediata

A segunda parcial começou ótima para o Brasil, que foi impecável no primeiro game e quebrou o saque de Vesnina quando Pigossi ganhou um belo rali do fundo de quadra. A dupla ganhou mais moral quando salvou um break point e abriu 2/0 ao confirmar o saque de Laura. Com a dianteira, as brasileiras também passaram a proteger melhor seus games de serviço, inclusive saindo de um perigoso 0/30 no oitavo game, quando Stefani sacava em 4/3. Laura e Luisa tiveram até um set point no nono game, mas um lob de Pigossi saiu por pouco, e Vesnina confirmou seu saque pouco depois. Pouco importou. No décimo game, Laura foi para o saque e confirmou para fazer 6/4 e forçar o match tie-break.

No set de desempate, as russas saíram na frente graças a uma dupla falta de Pigossi e abriram 4/1, confirmando todos seus serviços até então. Na virada de lado, o time europeu liderava por 5/1 após conseguir outro mini-break, que veio com uma ótima devolução de Vesnina e um voleio vencedor de Kudermetova. Quando Veronika venceu um longo rali com uma esquerda vencedora, as russas venciam por 7/2. A vantagem parecia grande demais, mas Pigossi confirmou seus dois saques e ainda fez uma devolução vencedora para devolver um mini-break e encostar no placar, que mostrava 7/5 na segunda virada de lado. Vesnina, porém, fez um ace na sequência, abrindo 8/5.

As russas tiveram quatro match points seguidos - dois deles com Kudermetova sacando em 9/6 - mas as brasileiras fizeram quatro pontos seguidos, devolvendo os dois mini-breaks e garantindo o bronze.