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Scheffer quer guardar medalha no bolso e repetir foto de criança com Cielo

Fernando Scheffer exibe a medalha de bronze que conquistou nos Jogos Olímpicos de Tóquio - Thiago Diz/Divulgação
Fernando Scheffer exibe a medalha de bronze que conquistou nos Jogos Olímpicos de Tóquio Imagem: Thiago Diz/Divulgação

Danielle Rocha

Colaboração para o UOL, no Rio

31/07/2021 14h29

Desde que colocou as mãos na medalha de bronze dos 200m livre, Fernando Scheffer não conseguiu mais se desgarrar dela. Passou a entender direitinho o motivo que fez Cesar Cielo, uma de suas inspirações na natação, guardar as duas que conquistou nas Olimpíadas de Pequim-2008 dentro de uma meia, que morou no seu bolso ao longo daqueles dias porque tinha medo que caíssem ou fossem arranhadas quando alguém pedia para segurá-las .

O endereço da medalha de Scheffer não é muito diferente. "Se depender de mim, vou guardar no bolso para o resto da vida!", brinca. "Eu ontem dormi com ela pertinho da cama. Ainda não sei o que vou fazer, mas acho que um mural com muito carinho para guardá-la".

Aos 23 anos, ele admite ainda não ter se acostumado com as duas palavras que vão acompanhar seu nome pelo resto da vida: "medalhista olímpico". Sabe que o pódio de Tóquio o colocou sob os holofotes para o próximo ciclo e fará com que a pressão que não tinha antes aumentar.

"Eu acho que não tive tempo de pensar muito nisso. Essas características de ser calmo e reservado me ajudam muito. Nas competições eu tento fazer coisas com calma para manter a tranquilidade na hora de competir. E eu não posso perder isso agora: manter o foco e a calma. A verdade é que a ficha não caiu. É uma vida de trabalho que se realizou. Aos poucos isso vai acontecer. Recebi muita mensagem nas redes sociais demonstrando carinho, mas ainda não me acostumei com essa rotina nova", disse o nadador, na manhã deste sábado, no CT do Time Brasil, no Rio de Janeiro.

Homenagem nas redes

Scheffer - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Fernando Scheffer diz que zerou a vida após homenagem de Ronaldinho Gaúcho
Imagem: Reprodução/Instagram

Uma das mensagens foi de Ronaldinho Gaúcho, que o parabenizou pelo feito. A resposta foi com um "zerei a vida". "Foi uma surpresa, né? Nunca esperei que o Ronaldinho ia me conhecer. Ele postou aquela foto lá e fiquei bem feliz. É isso", ri.

Scheffer entrou para o grupo seleto que já contava com três de suas referências: Cielo, Gustavo Borges e Fernando Scherer. Todos, assim como ele, donos de medalha olímpica. Ele gosta de lembrar o quanto os antecessores foram importantes para abrir caminho e fazer pequenos nadadores acreditarem que um degrau no pódio olímpico é possível.

Por isso, Scheffer guarda com carinho a foto que tirou ao lado de Cielo, quando tinha apenas 10 anos. "Quando ele conquistou o ouro nos 50m livre (nas Olimpíadas de Pequim-2008) eu era pequenininho, estava começando nas competições. Ele foi uma pessoa que me inspirou muito, juntamente com Gustavo e Scherer. São ícones da natação e é muito bacana a gente ver brasileiros, pessoas próximas da gente que são exemplo e mostram que tem um caminho para chegar lá. Até tenho que achar essa foto para repeti-la, né?"

Além deles, Scheffer cita a influência do americano Michael Phelps, dono de 28 medalhas olímpicas, que se despediu das piscinas em 2016.

"Quando eu era menor na natação competitiva ele estava no auge. Não tem como ele não inspirar. Ele elevou a natação a um nível espetacular, fez coisas incríveis e me inspirou também. E espero que eu também consiga inspirar, de certa forma, pessoas também a mostrar que temos muito potencial e que consegue chegar lá também", falou o brasileiro.

Scheffer não pensa em férias. Já tem na ponta da língua os campeonatos importantes que terá pela frente. A cabeça já está nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. "Tem competição daqui a 10 dias, tem nosso Brasileiro, tem seletiva para o Mundial de Curta em dezembro, depois tem a Liga de natação que vai ser na Itália. Ano que vem tem Mundial de piscina longa, tem Pan Pacífico, depois tem Pan e depois já é Paris."