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Bernardinho nega ter sido transfóbico com Tiffany: 'Respeito absoluto'

Bernardinho durante o programa Ohayo Tóquio, do SporTV - Reprodução
Bernardinho durante o programa Ohayo Tóquio, do SporTV Imagem: Reprodução

Do UOL, em Sâo Paulo

02/08/2021 20h19

O ex-técnico da seleção brasileira de vôlei Bernardinho negou que tenha sido transfóbico com a jogadora de vôlei Tiffany, transexual. Durante o programa Ohayo Tóquio, no SporTV, no qual é comentarista, ele afirmou ter 'respeito absoluto' pela atleta.

"Fiz um comentário desse, tipo que a Tiffany fez, porque ela fez um gesto. Tenho um carinho, respeito absoluto, e não sou eu que vou determinar qual caminho ou não, mas só para que as pessoas entendam que não tem nada disso. Depois ela até respondeu, que de forma alguma tinha se sentido ofendida", disse.

"Mas aí aproveitam, né? Gostam né? Sou eu e ela. E ela disse 'respeito sempre, me trata sempre bem'", completou, ao lembrar a repercussão do caso. Em 2019, durante a partida em que o Sesi/Bauru, time defendido por Tiffany, eliminou o Sesc-RJ, time de Bernardinho, nas quartas de final da Superliga Feminina, as câmeras de TV flagraram o treinador falando com o banco de reservas: "Um homem, é f...".

No dia seguinte, o técnico pediu desculpas, e afirmou que não era sua intenção ofender Tiffany. "Me referia ao gesto técnico e ao controle físico que ela tem, comum aos jogadores do masculino e que a maior parte das jogadoras não tem. Sempre trabalhei e tentei ajudar com meu trabalho diversos jogadores e jogadoras sem qualquer tipo de preconceito. À Tiffany dou meus parabéns pela grande atuação e conquista e a todos que se sentiram ofendidos reitero minhas desculpas, pois jamais foi minha intenção", escreveu no perfil do time Angels Volley Brasil, que defende a causa LGBTQIA+.

O assunto veio à tona quando programa discutia a participação de Laurel Hubbard, primeira atleta transgênero da história das Olimpíadas, no levantamento de peso. Na final da categoria para atletas acima de 87kg, ela falhou em suas tentativas de levantar 120kg e 125kg sendo a única a não passar para a segunda fase da competição.

Ex-líbero da seleção brasileira de vôlei, Fabi ressaltou a importância de se discutir o assunto de forma séria no âmbito esportivo.

"É um debate profundo, que cada vez mais precisamos falar sobre ele, mas que não seja uma desculpa para a gente disseminar ódio e preconceito. É um debate profundo, que a gente tem que cada vez mais falar sobre ele, e ter a sensibilidade no sentido de não ser uma barreira, um escudo, para que a gente não se aprofunde e simplesmente disseminar ódio e preconceito. É um escudo, porque aí as pessoas não querem falar", disse ela, que também falou sobre o caso de Tiffany.

"Quando a Tifanny entrou, ela foi a primeira e causou obviamente uma repercussão, muita gente falava em criar uma liga trans, que as mulheres iam perder espaço, ia ter um milhão de trans. E não foi isso que aconteceu. E para mim, esse tipo de fala é uma desculpa para simplesmente você disseminar o preconceito. A Tiffany foi uma, não tivemos outra, ela é pioneira, teve que ser muito resistente, não é simples enfrentar os holofotes que ficaram em cima dela. Teve que responder perguntas que talvez ela nem saiba. Ela só queria exercer a profissão dela. Jogar vôlei, disputar a Superliga e estar à disposição para se aprofundar, se debater. É uma menina muito bacana."