'Ganhei muito mais do que medalhas', diz Rebeca sobre Olimpíadas de Tóquio
Vencedora de duas medalhas nos Jogos Olímpicos de Tóquio, com ouro no salto e prata no individual geral, a ginasta Rebeca Andrade se tornou um dos grandes nomes do Brasil na competição. Aos 22 anos, ela afirma que "jamais poderia esperar" tudo que aconteceu na capital japonesa e realizou mais do que sonhou.
Rebeca se tornou a primeira ginasta a conquistar uma medalha olímpica e a primeira mulher brasileira a ir ao pódio duas vezes na mesma edição. Nesta manhã (2), ela se despediu do torneio com a quinta colocação na final do solo — Jade Carey, dos Estados Unidos, ficou com ouro, Vanessa Ferrari, da Itália, com a prata, e Mai Murakami, do Japão, e Angelina Melnikova, do Comitê Olímpico da Rússia, dividiram o bronze.
"Com certeza foi mais [do que sonhou]. Jamais poderia esperar tudo o que aconteceu. Sempre queremos ganhar medalha, mas acho que ganhei muito mais do que só as medalhas. Ganhei a admiração das pessoas, ganhei o respeito, fiz história, representei um país inteiro. Não foi só a medalha. O peso dessa medalha está sendo muito, muito grande, e uma coisa que me deixa muito feliz é orgulhar todo mundo", disse.
Negra, filha de mãe solo e de origem humilde, Rebeca teve uma história de vida pautada na superação. Além disso, chegou a Tóquio após algumas lesões, o que acabou tonando as conquistas ainda maiores.
"Acho que [a mensagem que deixa] é acreditar em você, não desistir de maneira alguma do jeito fácil. Tive várias oportunidades de ter desistido, mas tive pessoas incríveis me falando que não era a hora, que não precisava desistir naquela hora porque eles estavam comigo. Acho que o fato de ter pessoas que acreditam é muito importante e, com certeza, ser grato a tudo que tem sempre. Coisas ruins sempre vão acontecer, assim como coisas boas. Então, tem de ser forte, saber que um dia vai melhorar e acreditar em você, que vai dar tudo certo", afirmou.
Aos poucos, inclusive, a ginasta vai se acostumando à fama que ganhou, e não apenas entre os brasileiros. Mais que ter superado a expressiva marca 2 milhões de seguidores em uma rede social, ela conta, com um sorriso no rosto, que foi notada por uma das cantoras favoritas.
"Normalmente, quando tem Jogos Olímpicos, Mundial, sempre cresce o número de seguidores, só que agora estourou, né? (risos).Teve o Baile de Favela, que acho que muita gente conhecia, muita gente gostou. Querendo ou não, é a cultura brasileira. Muita gente gosta, muita gente se inspira. E foi o que eu quis trazer para cá: inspiração. Eu gosto de funk, gosto da batida, e para mim é um prazer ser uma representante do funk para o mundo", afirmou.
"Eu acordei hoje e a Jesse J, que está no Top 3 de minhas cantoras favoritas, repostou um vídeo meu dançando uma música dela. Isso é muito incrível. Ela nem me seguiu, mas já valeu (risos). Fiquei muito feliz. Vários famosos me seguindo, o tanto de pessoas que, realmente, me admiram mesmo, sabe? E falando que sou uma ótima influência, por causa da minha história, que as crianças que querem fazer esporte se inspiram em mim. É incrível", acrescentou.
Sobre Baile de Favela, música que embalou as apresentações de Rebeca em Tóquio, a ginasta diz gostar de dançá-la, mas o tom de competições futuras ainda é uma incógnita.
"Não fui eu que escolhi, foi meu coreógrafo. De início, estranhei porque estava saindo da Beyoncé, minha cantora favorita, que sou super fã. Mas logo em seguida me acostumei, vi que a música era super a minha cara e faço com todo o gosto do mundo, porque vejo que as pessoas gostam", assegurou.
Questionada sobre os próximos passos, inclusive, Rebeca diz ainda estar curtindo esta edição dos Jogos:
"Ainda estou vivendo isso aqui. Só vou saber o que esperar [do próximo ciclo] quando, realmente, voltar para o Brasil e saber qual o próximo objetivo real. Mas, agora, acho que vou curtir um pouco o momento".
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