Tricampeão pan-americano aconselha Alison: 'Não mude e vá para o abraço'
Como muitos brasileiros, Eron acordou cedo para acompanhar o desempenho de Alison dos Santos na pista do estádio Olímpico, em Tóquio. Como muitos fãs do atletismo, ele também vibrou com o passeio de Alison na prova dos 400m com barreiras, classificando-se para as finais e dando a certeza a todos de que brigará pelo pódio. Acontece que o Eron não é um telespectador comum: Eronilde Nunes de Araújo tem seu nome na história esportiva do país, exatamente na mesma prova.
Tricampeão nos Jogos Pan-Americanos de Havana (1991), Mar Del Plata (1994) e Winnipeg (1999), Eron daria um conselho se pudesse falar com Alison: "Meu amigo, não mude nada. Corra forte. Forte e consciente. Corra. Faça o que vem fazendo e vá para o abraço, para o pódio, para a medalha".
"Eu fico muito feliz em ver um atleta surgindo na prova em que eu me consagrei", comentou Eron, na manhã deste domingo (1º), depois de ver o resultado obtido por Alison dos Santos, que correu em 47s31 e melhorou ainda mais o recorde sul-americano. "O Alison já tinha batido o meu recorde anteriormente e era um recorde que já durava 25 anos. É muito tempo não é?"
A marca de Eron era 48s04. "Ele baixou para a faixa dos 47s e eu torço agora para que, na final, o Alison quebre também a barreira dos 47s", torce Eron, que trabalha como técnico de atletismo em Presidente Prudente, no interior de São Paulo, onde fez boa parte de sua carreira e cursou pós-graduação em Educação Física.
Mesmo estando na área esportiva e tendo um filho de 17 anos que já compete para valer e uma filha que está para entrar também nas pistas, Eron não conhece pessoalmente o Alison. "Acompanho os resultados, a carreira dele e tudo, mas ainda não o encontrei, nem falei com ele".
Mas agora que o menino também está fazendo história é inevitável que isso ocorra, porque, como Alison, o baiano Eronilde esteve em três Olimpíadas e participou de duas finais. Um feito e tanto em uma prova que é considerada uma das mais difíceis do mundo das pistas.
"É difícil sim, todos os atletas sabem disso. Eu queria ter subido ao pódio, fiz de tudo. Mas em Atlanta [1996] na final bati em uma barreira e cheguei em oitavo lugar. Em Sidney [2000] cheguei em quinto", recorda Eron.
Em sua época, sempre que se falava de Eron, se falava de suas três medalhas de ouro nos Pan-Americanos e de que um dia subiria também à consagração olímpica.
"Não consegui, mas fiz todo o possível. Lógico que eu queria ter sido pelo menos o terceiro colocado na Olimpíada de 2000. Creio que agora o Alison vai conseguir."
Sim, com a experiência dos seus 50 anos, ex-atleta e treinador, ele tem certeza de que o pódio virá para Alison na grande final, que acontece nesta terça-feira (3), à 00h20 (horário de Brasília).
"Eu não posso afirmar que será ouro, prata ou bronze, mas ele chega sim. Você viu como ele cruzou a linha de chegada tranquilo na classificatória, sem forçar? Ele está perfeito."
E talvez, animado pela volta dos 400m com barreiras às manchetes, Eron até está pensando em voltar a competir aos 50 anos.
"Voltar devagar, vendo se não vou sentir dores, na categoria master. Quem sabe eu até consiga fazer a prova em um minuto e pouco, por que não?"
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