Dias livres moldaram estratégia de Martine e Kahena na regata do ouro
Bicampeãs olímpicas após vencerem a classe 49er FX, Martine Grael e Kahena Kunze tiveram de se recuperar na competição depois de um início instável. E um dos segredos para que elas saíssem da Baía de Enoshima, no Japão, com a medalha de ouro nas Olimpíadas de Tóquio-2020 foi a observação.
"Nos dias livres, ao invés de ir para o hotel, eu ficava no clube para assistir às regatas. Assisti a do Robert Scheidt. Deu para perceber que tinha um padrão. Vi que na raia pertinho do clube era bom, mas que quem viesse do outro lado, pela direita, tinha uma maré que favorecia. Ruim mesmo era vir pelo meio.Então decidimos ir pela direita e aproveitar a maré", revelou Martine Grael.
A escolha feita pela dupla brasileira mostrou-se acertada. A corrente marítima que elas usaram foi decisiva.
Durante todo o percurso, Martine e Kahena estiveram tranquilamente à frente das adversárias pelo título, seguindo as argentinas Victoria Travassio e Maria Sol Braz, que lideraram de ponta a ponta e ganharam a medal race, seguidas pelas norueguesas Marie Roenningen e Helene Naess. As brasileiras fecharam o top 3 da prova.
As alemãs Susann Beucke e Tina Luz ficaram em quinto e levaram a medalha de prata. Já o bronze foi para as holandesas Annemiek Bekkering e Annette Duetz, que terminaram a "medal race" na nona colocação.
Antes da prova final, a dupla holandesa liderava com 70 pontos, as brasileiras apareciam em segundo também com 70 e as alemãs vinham logo atrás com 73 pontos. A regata da medalha ofereceu pontuação dobrada em relação às provas tradicionais e teve duração de 20 minutos, dez a menos que as outras 12 disputadas anteriormente.
"Começamos a semana com muitos problemas no barco. Não causados pela gente. mas esses problemas nos frustraram. A gente colocou essa frustração no barco. Foram dias duros, com muito calor. Mas depois que deixamos a energia fluir, controlar as emoções, fizemos um ótimo trabalho.Estou muito orgulhosa da minha parceira", finalizou Kahena Kunze.
Com a medalha de ouro em Tóquio, Martine e Kahena entraram para a história do esporte olímpico brasileiro.
Elas se juntam Torben Grael (pai de Martine), Marcelo Ferreira e Robert Scheidt, na vela; Adhemar Ferreira da Silva, no atletismo; Fabi Alvim, Fabiana, Jaqueline, Paula Pequeno, Sheilla e Thaísa, do vôlei feminino; e Maurício, Giovane e Serginho, no vôlei masculino, como bicampeões olímpicos.
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