Símbolo nórdico tatuado na perna leva Fernando Scheffer para as batalhas
Em dezembro de 2016, a panturrilha esquerda ganhou uma tatuagem. Um símbolo da cultura nórdica, que Fernando Scheffer nem se lembra mais se viu num filme ou numa série, mas que expressava exatamente o que desejava: proteção, coragem, invencibilidade nas batalhas.
Na ocasião, ao postar numa rede social a foto do símbolo conhecido como "elmo do terror", recebeu uma pergunta: "Você vai para a guerra?". E a resposta do nadador medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio resume bem seu espírito competitivo: "Todos os dias".
Foi com esse pensamento e muito trabalho que ele começou a ser apontado como uma promessa, chegou à seleção adulta e nos últimos anos não parou de evoluir. Em 2018, o agora medalhista olímpico dos 200m livre nadava a prova para 1m46s08. Deixou Tóquio com 1m44s66, o bronze e a 28ª melhor marca da história.
"Eu vi e achei bacana, foi uma mensagem que me chamou a atenção. Os nórdicos usavam na sola das botas quando iam para a guerra para trazer sorte. Essas coisas me ajudam bastante", diz Scheffer.
"Gosto de frases também (motivacionais e força do pensamento). No esporte, por mais que se trabalhe o corpo, a mente tem que ser forte porque é ela que faz o corpo trabalhar a nosso favor. A gente tem que estar preparado emocionalmente e psicologicamente. A rotina de treino é muito pesada, tem muita pressão e cobrança, então a gente tem que estar sempre em equilíbrio. Gosto de buscar essa motivação", completa.
E no momento a motivação sobra. Scheffer não esconde o desejo de tentar nadar na casa do 1m42s, coisa que apenas o atual recordista mundial Paul Biedermann e a lenda Michael Phelps conseguiram. Mas o brasileiro sabe que para pensar nisso terá de melhorar ainda mais sua parte técnica.
"Não gosto muito de pensar em tempo. Querendo ou não a gente não consegue controlar tanto. Sim, é um objetivo, é uma marca que a gente quer alcançar e vai treinar sempre almejando o máximo porque a gente pensa no melhor resultado possível sempre. Sou competitivo. Gosto de pensar muito na minha parte técnica, na minha execução de nado. Acho que isso é o mais importante, é algo palpável trabalhar em cima disso. Quero evoluir cada vez mais nesse aspecto".
Por ora, além de não desgarrar de sua medalha e de receber o carinho da mãe, que não via desde o Natal, ele planeja a ida a um estúdio de tatuagem para marcar na pele a sua participação em Tóquio. "Com certeza! Acho que vou fazer os aros, só não decidi a parte do corpo ainda".
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