A 'bronca' que Hebert Conceição levou do técnico após garantir o bronze
O telefone tocou cedo no domingo na Academia Champion, no Bairro da Cidade Nova, em Salvador. Era o lutador Hebert Conceição ligando para seu mestre para dividir a alegria do momento: tinha acabado de vencer Abilkhan Amankul, do Cazaquistão, nas quartas de final dos Jogos Olímpicos.
"Eu estou muito feliz! Ganhei o bronze", disse o lutador, direto de Tóquio, esperando os parabéns de seu técnico Luiz Dórea. Mas Dórea, usando a psicologia de sempre, foi corrigindo o menino que chegou a suas mãos quando tinha apenas 12 anos. "O quê? Está feliz? Tudo bem, mas ainda não acabou: você ainda tem de fazer esse bronze virar ouro!".
No boxe olímpico, não tem disputa de terceiro lugar. Então, os derrotados nas semifinais ficam com o bronze. Herbert vai ter a chance de transformar a cor dessa medalha para pelo menos prata nesta quinta-feira, quando enfrenta o russo Gleb Bakshi nas semifinais olímpicas.
E que ninguém pense que o treinador baiano de 56 anos está sendo arrogante. Ou confiante demais. Ele tem uma trajetória vitoriosa no esporte como pugilista meio-médio-ligeiro e há 31 anos transformou o terreno onde sua mãe tinha uma escola em uma verdadeira fábrica de campeões.
"Nossa academia valoriza a base e o alto rendimento e em nosso projeto Campeões da Vida já passaram 8 mil crianças", orgulha-se Dórea, que já conta 14 participações olímpicas de seus pugilistas, com a conquista de três medalhas: o bronze de Adriana Araújo (Londres-2012), o bronze de Hebert já garantido (mas que ele espera mudar de metal) e o ouro de Robson Conceição (Rio-2016).
Aliás, enquanto comemorava o resultado de Hebert em Tóquio, Luiz Dórea arrumava as malas e preparava a viagem que fez nesta terça-feira para Los Angeles, onde finaliza a preparação de Robson Conceição para a disputa do título mundial dos super-penas, pela versão do CMB, contra o mexicano Oscar Valdez no dia 10 de setembro.
"Assim como o Robson, o Hebert é um lutador muito talentoso. E nosso segredo, além da metodologia diferenciada, que traz resultados indiscutíveis, é o trabalho executado na base. O Hebert, por exemplo, chegou aqui querendo aprender MMA e aos poucos nós fomos mostrando a ele que o boxe era mais apropriado. Assim, ele foi campeão brasileiro cadete, juvenil, até passar a integrar a equipe nacional", diz Dórea.
O treinador ensina que não é só chegar à elite do boxe brasileiro. "É preciso ter uma base bem feita para prosseguir na seleção. Aí é que entra a base, que dá sustentação à carreira. Veja que antes da pandemia, o Hebert ganhou a prata no Pan de Lima, depois o bronze no mundial da Rússia e a prata nos Jogos Militares na China. E depois, mesmo com a pandemia, manteve-se em um bom ritmo e agora vai para o ouro em Tóquio".
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