Alison pede atenção ao vôlei de praia no Brasil: 'o mundo está evoluindo'
Ser eliminado(a) de uma disputa olímpica traz frustração e lágrimas, mas também oferece aprendizado e a possibilidade de deixar uma mensagem ao país. E foi exatamente isso que o capixaba Alison Cerutti fez após a derrota nas quartas de final do vôlei de praia das Olimpíadas de Tóquio, ao lado do paraibano Álvaro Filho. Sem querer dar desculpas pelo revés para a dupla Plavins e Tocs, da Letônia, o brasileiro de 35 anos destacou a falta de investimento na modalidade.
Prata em Londres-2012 e ouro na Rio-2016, Alison soube aproveitar o momento. Pela primeira vez na história, o Brasil deixou uma edição de Jogos Olímpicos sem figurar no pódio tanto no masculino quanto no feminino. O motivo? Ele destrinchou.
"O Brasil ganhou a medalha de ouro em 2016 e não mudou nada, sem nenhum investimento. O circuito continuou o mesmo, tudo paralisado, com menos etapas. Esperando só Alison e Bruno, Alison e Bruno, como foi com Ricardo e Emanuel. Lá atrás, quando comecei a jogar vôlei, eram 24 etapas no circuito brasileiro", explicou o capixaba, que foi além:
"Quanto mais você joga, mais aparecem jogadores; quanto mais sistema seletivo você fica, pegando um atleta e dando tudo para ele, mais roleta russa fica. Tanto é que foi muito difícil para a gente se classificar. É só olhar no Circuito Mundial para ver quantos times brasileiros têm".
Mudar o sistema
Ainda de acordo com o experiente jogador brasileiro, é preciso mudar o sistema e dar mais voz aos atletas.
"Brasil e Estados Unidos não dominam mais. Temos que sentar e conversar. Até hoje não fomos perguntados sobre nossa opinião. Não é só trazer os times para o Mundial. É ter um circuito mais forte, é valorizar categorias de base e comissões técnicas. Nosso centro de treinamentos em Vitória-ES, quem banca somos nós dois. São 17 funcionários", destacou Alison.
"É só para mostrar um pouco como é difícil ser atleta no Brasil, mas isso não é desculpa! Não estou falando sobre o jogo de hoje. Estou falando como o mundo está evoluindo e nós parados na década de 90. O mundo está girando rápido, na verdade está capotando; descobriu que é um esporte barato e que traz medalha", finalizou.
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