Rêbe e Mima tocavam o terror no ginásio; hoje Rebeca é campeã olímpica
Uma já estava na escolinha de ginástica: Milena Teodoro, a Mima. A outra chegou com sua vozinha fina e um sorriso eterno no rosto: Rebeca Andrade, a Rêbe. As duas faziam muita bagunça nos treinos do ginásio esportivo em Guarulhos. Duas crianças de 6 anos. Talentosas como elas só.
As duas sempre juntas, revezando-se no degrau mais alto do pódio. Foram para a seleção brasileira, foram importunadas pelas contusões. Quase estiveram juntas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro: Rebeca competiu, Milena foi a primeira reserva da equipe brasileira.
Neste domingo, Rebeca se tornou a primeira ginasta brasileira a ganhar uma medalha de ouro em Jogos Olímpicos -ela já tinha conquistado uma prata dias antes. Milena, estudante de Educação Física, torceu pela irmã que a ginástica lhe deu ao lado de sua mãe Jamile, na casa onde ela mora em Mairiporã, desde que trancou o curso na faculdade Estácio, no Rio, e voltou a São Paulo por conta da pandemia.
Essas conquistas fazem parte dos planos das duas amiguinhas desde que elas passaram a conviver no Ginásio Bonifácio Cardoso, em Guarulhos. "A gente botava o terror no ginásio. E as professoras Mônica e Keli ficaram loucas com a gente", relembra Mima. "Nos intervalos dos treinos eu e a Rêbe gritávamos, cantávamos. A gente não parava: a gente brincava de treinadora. Eu dava treino para a Rêbe. E ela dava treino para mim. Não tínhamos sossego".
Mas tinham talento de sobra, tanto que com 10 anos as duas já estavam fazendo um estágio de treinamentos em Cuba. "Éramos miudinhas, mas já viajávamos". Quando Keli Kitaura e o técnico Chico Porath foram trabalhar no Flamengo, a dupla seguiu os treinadores. Também moraram juntas em Curitiba, treinaram com o ucraniano Oleg Ostapenko. "A gente sabe o sacrifício que é, mas a gente ama a ginástica".
Então, ao mesmo tempo em que faziam planos para medalhas, criavam planos de fuga para abandonar o esporte. Quando o ginásio do Flamengo pegou fogo e a equipe foi treinar em Três Rios, as duas conversaram sério. Muitas contusões, estresse, saudade da família e ainda por cima tinha um lagarto que morava nas plantas do portão da casa que servia de alojamento.
"Tinha vezes que batia o cansaço e quando há contusões a gente não tem muito tempo para se recuperar. Mas sempre continuamos. E agora está aí o resultado".
Mima também se sente uma vencedora nos saltos e nas evoluções incríveis da amiga. "Eu sempre gostei da trave, sempre me identifiquei. Ela já foi mais do salto e das paralelas. No solo a gente passava a coreografia juntas. Sempre uma animando a outra".
Em 2017, uma cirurgia praticamente encerrou o caminho da dupla. Milena parou. Até tentou voltar em 2020. Mas agora, aos 22 anos, pensa no curso de Educação Física e no estágio que já vai começar com a equipe de Guarulhos, no mesmo ginásio Bonifácio Cardoso, onde esta história começou.
Mima vai tentar descobrir novas Rêbes.
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