Peixinho posa para Jonne Roriz, do COB: um salve aos fotógrafos olímpicos!
De repente se bate o olho para ver a Ana Marcela Cunha e - olha o flagra - se percebe um peixinho voando (!) por cima da campeã olímpica da maratona aquática. Foto de Jonne Roriz, para mim, o muito querido "Babyssauro". Sorte? Os grandes ídolos do esporte sabem: sorte, assim como talento, dependem mesmo é de muito trabalho. Quem conhece sabe o quanto Jonne estuda cada milímetro da pista de atletismo, ou de piscina, para saber o exato momento que o barreirista/velocista passará por aquele exato ponto. Daí regula câmera e mente para o tal exato momento. O estudo interminável de sua arte e também dos equipamentos fazem desse baiano um dos melhores fotógrafos do mundo.
(#prontofalei, mas não sou só eu: ele é reconhecido mesmo, premiadíssimo, daí a nova convocação por parte do Comitê Olímpico do Brasil, para Tóquio-2020.)
Fotógrafos em Olimpíadas emagrecem. Os coletes vão ficando cada vez mais largos, como o de Sérgio Berezovsky, o Berê, pelo Estadão em Seul-1988. Cotovelos são afiados, para as inevitáveis aglomerações, assim como músculos são preciosos para aguentar na munheca lentes pesadíssimas, como fazia Pedro Martinelli, da Veja, nessas mesmas Olimpíadas (ah, vale lembrar que Pedrão e sua barba imensa - raríssima em orientais - viraram atração na capital sul-coreana).
Nas Olimpíadas de Los Angeles-1984, Aníbal Philot, fotógrafo que se foi precocemente, não falava uma palavra em inglês, mas sua carioquice atraía colegas de todas as falas, querendo saber onde tinha conseguido tal câmera/lente emprestadas, como conseguia driblar voluntários para passar telefotos mais rápido... Em Barcelona-1992, quando me vi, estava de cara com o príncipe Felipe entrando na Vila Olímpica. Dando voltas à realeza estava o Philot ali. Fotos exclusivas para O Globo.
Em Sidney-2000, vendo que aumentavam os equipamentos (em tamanho e número), a ponto de os fotógrafos precisarem de carrinhos para puxar toda a carga, achei de entrevistar dois veteranos, da Reuters um deles, da AFP outro. Contaram dos problemas e dores crônicos nas costas, de como aproveitavam o atletismo para ir até as tendas onde ficavam os massagistas para os atletas... e, lá, pedir um socorro. Também falaram que a TV estava ganhando prioridade sobre fotos, com os fotógrafos sendo empurrados cada vez mais para trás das câmeras de TV - e precisando de lentes maiores e mais pesadas.
Enquanto os japoneses não inventam microcâmeras ainda mais poderosas, que poupem as costas dos amigos, aproveito a foto do peixinho do Jonne (glub!) para dar um salve aos fotógrafos, olímpicos e não olímpicos, que gravam imagens fantásticas não apenas em páginas ou sites, mas também na minha memória.
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