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Bernardinho merece medalha de bronze como apresentador do SporTV

Marcelo Barreto e Bernardinho apresentam o "Ohayo Tóquio", no SporTV - Globo/João Cotta
Marcelo Barreto e Bernardinho apresentam o 'Ohayo Tóquio', no SporTV Imagem: Globo/João Cotta

Rui Dantas

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/08/2021 04h00

Mais acostumado a ser visto com o ouro olímpico, que conquistou como técnico do vôlei masculino em Atenas, em 2004, e no Rio de Janeiro, em 2016, Bernardinho deixaria as Olimpíadas de Tóquio com um belo bronze, se a cadeira de apresentador do programa "Ohayo, Tóquio", que dividiu com Marcelo Barreto no SporTV, estivesse na disputa.

Bernardinho perdeu algumas notas durante suas apresentações: faltaram simpatia, leveza, graça e, sobretudo, dicção. Em resumo: quando o técnico e ex-atleta entrava com suas participações, faltava a ele uma boa pitada de humor.

Muitas vezes, simplesmente não dava para entender o que o nosso segundo levantador da seleção de vôlei, prata em Los Angeles-84, queria dizer. E, se Bernardinho tem direito de ser exigente com todos os atletas com quem trabalhou (e tem mesmo), nós, os telespectadores, também temos.

Com cara meio amarrada à la Zagallo ou Telê Santana (outro, que, como ele, se tornou um técnico melhor do que foi como jogador), Bernardinho, às vezes, se exaspera, levando a mão à boca e fazendo sorriso de Mona Lisa. Aquele, que ninguém confirma se é felicidade ou se a feijoada estava muito salgada.

Como se ele tivesse deixado a carranca de técnico pendurada no mancebo mais próximo da cadeira de apresentador. E, volta e meia, ele se virasse a ela, assumindo aquele ar mais circunspecto de poucos amigos e de líder de equipe.

Num momento em que o Esporte da Globo se volta para o humor, como forma de angariar cada vez mais audiência, faltou um pouco de direção em cima deste medalhado estreante das câmeras. Ele não é inoportuno e nem fala bobagem, mas sua contribuição é meio azeda. Nada marcante ou genial.

Em um dos programas, o de segunda (2), deu para contar uma meia dúzia de sorrisos do apresentador. Ele só soltou uma gargalhada quando o assunto foi seu filho Bruno.

Ao mesmo tempo, no mesmo quadro, ao participar de uma entrevista, era nítido ver o sorriso aberto, ainda que estivesse debaixo da máscara, da campeã olímpica Rebeca Andrade. Alguém pode dizer: "Mas ela acabou de ganhar duas medalhas". Ele ganhou até mais...

Mas não tem problema, Bernardinho. O importante é competir e, como dizem os apresentadores da Globo: "Paris é logo ali!" Pena que o "apresentador" vai estar à frente da seleção masculina de vôlei da França, e sua carreira como comentarista, como era de esperar, ficará incerta na próxima edição dos Jogos Olímpicos.