Brasileira treinou lançamento de dardo em casa e em avenida para Olimpíadas
Imagens do treinamento improvisado em um terreno baldio de Darlan Romani viralizaram nesta quinta-feira (5). Mas, se você pensa que viu tudo ao assistir aos vídeos do "jeitinho" dado pelo atleta para continuar a preparação para os Jogos em meio à pandemia e ainda ficar em quarto no lançamento de peso, acredite, está enganado.
Você ainda não mergulhou na triste e criativa realidade do esporte brasileiro, principalmente do atletismo. E não pense que são atletas iniciantes que passam por dificuldades. Muitos são competidores olímpicos, como a cearense Laila Ferrer, que foi eliminada ainda na etapa classificatória do lançamento de dardo na última segunda-feira (2), estão na mesma situação.
"Sempre olho muito bem por todo o gramado para ver se não vem vindo ninguém. Só aí eu lanço o dardo", conta Laila, explicando como é seu treinamento ao lado do Obelisco do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo. O local é um gramado aberto à circulação de pessoas.
Para competir em Tóquio, ela se preparou praticamente ali em frente à avenida Pedro Álvares Cabral, no Parque Ibirapuera, pois os clubes raramente oferecem condições para o aperfeiçoamento dos lançamentos dessa prova.
"Minha melhor marca é 62,52 metros, obtida em 2017", explica a atleta que não foi lá muito bem nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Na capital japonesa ela só marcou 59,47 metros e não ficou entre as 12 atletas que passaram à fase seguinte da competição.
Laila, que atualmente tem 39 anos, começou a vida esportiva jogando futebol, futsal, vôlei e até handebol em Pacatuba, sua terra natal. Quando foi estudar em Fortaleza foi vista por um professor de educação física e levada para o atletismo.
"Meu treinador é o Pedro Rivail Atílio, que foi lançador do martelo e atleta brasileiro de nível internacional."
Com o técnico, ela bolou uma série de aparelhos improvisados no segundo andar do sobrado onde mora no Jardim Patente, perto do bairro do Sacomã, na capital paulista.
Ali, cabo de aço, cano, bolinha de beisebol e uma empunhadura improvisada a ajudaram a ir a Tóquio. Como se vê, o esportista brasileiro de alto rendimento é mais que atleta: é um artista.
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