Claudinho compõe traps enquanto conduz seleção olímpica e agita mercado
Subgênero do rap muito popular no Brasil nos últimos anos, o trap é uma das paixões de Claudinho. Mas ele foi além de um simples fã e segundo seus amigos da cena musical está escrevendo letras no tempo livre. "Ele tem talento, flow e gingado", conta o cantor e compositor Kayblack, ao UOL.
Enquanto não lança suas músicas no mercado para bombar neste universo do trap, o jogador de 24 anos vive a rotina de ser um dos nomes mais importantes da seleção brasileira que encara amanhã (7) a final do futebol masculino nas Olimpíadas de Tóquio, contra a Espanha. Ele tem sido elogiado internamente pela capacidade de desempenhar várias funções durante o jogo e criar chances de gol.
Claudinho joga na frente da dupla de volantes formada por Douglas Luiz e Bruno Guimarães na seleção olímpica, mas vira quase um terceiro homem de marcação no setor quando o Brasil precisa defender. Na hora da criação de jogadas ele avança e se posiciona muitas vezes como atacante, sempre pendendo mais para o lado esquerdo. Essa versatilidade o torna fundamental dentro de campo na campanha de três vitórias e dois empates que levou a seleção para a final contra a Espanha.
Mas é fora das quatro linhas que a criatividade vai nas alturas. Fã da cena paulista do trap, que influencia o comportamento jovem no país e traduz a velocidade da era digital, o jogador tem vários amigos cantores e compositores. Boa parte das letras que compartilha nas redes sociais falam sobre racismo, desigualdade social e a volta por cima de pessoas periféricas por meio da fama — algo relativo à própria origem humilde do jogador.
"As músicas dele são sobre as próprias vivências, como as minhas. De quem saiu do gueto e hoje graças a Deus pode dar algo melhor para sua família e incentivar o próximo. Assim como nós conseguimos, nossos amigos, parceiros e irmãos conseguem também", diz Kayblack, cujo sucesso "Vivências" passa de 10 milhões de visualizações no YouTube com o trecho "joga nos menor os cordão, vão dizer que é ostentação, mas eu digo que não: isso é superação".
Claudinho e Kayblack se conheceram por meio dos empresários. A firma que agencia o jogador do Red Bull Bragantino e está próxima de confirmar sua transferência para o Zenit-RUS (veja mais abaixo), tem um braço musical chamado Elenko Music, que trabalha com Kayblack. Dos primeiros contatos veio uma amizade que agora pode virar parceria musical.
"Estou só aguardando o convite para o feat (risos)", diz o músico.
"Ele tinha jogado muito no dia seguinte de quando nos conhecemos, eu elogiei e ficamos trocando um papo. Hoje nos ligamos e trocamos mensagens. Ele me manda várias guias [o beat que a voz sobrepõe] e cantamos nas chamadas de vídeo. Espero que passe logo essa pandemia para eu ir em algum jogo e ele ir num show", conta Kayblack, que sonhou em ser jogador na infância e hoje acompanha à distância o desempenho do amigo no Japão.
"Assisto os jogos porque são todos cedo, no horário que eu costumo ir dormir. O ritmo aqui é diferente, então estou acompanhando não só ele, como o Malcom, o Gui Arana e o Reinier, entre outros parceiros."
Futuro de Claudinho é na Rússia
Badalado no mercado da bola desde que monopolizou as premiações individuais do Campeonato Brasileiro de 2020, Claudinho não deve ter vida longa no Red Bull Bragantino quando regressar dos Jogos Olímpicos. O clube prepara documentação e ações internas para anunciar nas próximas semanas sua venda ao Zenit, da Rússia, clube onde atua seu parceiro de seleção olímpica Malcom.
Como mostrou o UOL Esporte, a proposta gira em torno de 15 milhões de euros (R$ 91,3 milhões) e ainda contempla gatilhos por metas atingidas. Pequenos detalhes separam a concretização do negócio, que no momento é considerado sem volta. O Zenit venceu a concorrência com Roma-ITA e RB Leipzig-ALE, do mesmo grupo econômico do time brasileiro, e Claudinho também teve sondagem do Milan-ITA que não avançou.
A cena do trap na Rússia está prestes a ganhar um novo membro.
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