Ana Marcela Cunha sabia que ganharia ouro antes mesmo do fim do treinamento
Para conquistar em Tóquio a medalha olímpica que perseguiu por 13 anos, Ana Marcela Cunha percebeu que teria de olhar para trás. Voltou até o ano de 2015, quando sobrou na turma. Naquele Mundial de Esportes Aquáticos de Kazan, a maratonista aquática ficou com o ouro nos 25km, com a prata na prova mista dos 5km e com o bronze nos 10km. Queria de novo se sentir bem preparada daquele jeito. Com o planejamento traçado e seguido o à risca, passou a ter certeza de que estaria no lugar mais alto do pódio antes mesmo de chegar à fase final do treinamento.
"A gente se analisa muito e fez a análise com relação ao meu melhor Mundial, em que eu estava muito bem e fazia o que queria. E a gente conseguiu chegar no mesmo nível antes do treino de altitude de três semanas. Quando terminou, a avaliação era que eu estava muito melhor do que lá em Kazan, e isso me deu confiança. A segurança que eu tinha antes da prova veio de tudo o que a gente fez e treinou", disse Ana, nesta sábado no CT Time Brasil, no Rio de Janeiro.
Os sinais dados por ela a cada volta deixavam claro para seu treinador que não seria preciso colocar em prática o plano B ou C, caso algo saísse errado ao longo dos 10km, concluídos em 1h59m30s.
"Ela já vai sabendo o que capaz de executar. No decorrer do percurso só fui sentindo mais e mais isso. A tranquilidade e certeza eram maiores porque ela estava executando tudo dentro do planejado. Cada milímetro de prova é planejado, cada detalhe foi pensado, assim também tudo foi pensado caso não ocorresse do jeito que queríamos", afirma Fernando Possenti.
Ele ressalta a importância de Ana Marcela ter conseguido de adaptar às limitações impostas pela pandemia. Mesmo tendo ficado três semanas sem piscina, levou equipamentos para casa para não perder condicionamento físico nem ficar desmotivada. Ela concorda. Diz que o adiamento das Olimpíadas acabou possibilitando uma preparação ainda melhor.
"Conseguimos fechar um ciclo de quatro anos e ganhamos um ano. Foi um período muito bom e soubemos nos adaptar a isso. Cumprimos o planejamento todo do jeito que pensamos. A maturidade e a confiança no trabalho fizeram a diferença".
Após 30 horas de voo, Ana Marcela foi recebida pelos pais, pela namorada, Maria Clara Fontoura, e alguns amigos no Rio. Ela ainda tenta se acostumar com o título que trouxe para casa.
"A ficha está caindo aos poucos (sorri). Na vida a gente tem altos e baixos, perde para depois vencer. Eu continuei acreditando. Uma hora o resultado tinha que vir".
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