Após o ouro, Hebert adota cautela sobre profissionalização e foca em 2024
Hebert Conceição se define como um baiano raiz. Tem orgulho de representar seu estado e de levar a música de sua terra para o ringue, como fez nas Olimpíadas de Tóquio. Tem orgulho de ter saído de lá campeão olímpico no peso médio, mas gosta de deixar claro que foi um talento perdido do futebol antes de trocar de esporte. Ao seu lado, Beatriz Ferreira e Abner Teixeira deixam escapar risadas. De volta ao Brasil, os três medalhistas comemoram a melhor campanha do boxe na história dos Jogos e esperam colher bons frutos com a visibilidade que ganharam.
Aos 23 anos, Hebert ainda não parou para pensar nos próximos passos. O desejo atual é abraçar a família e descansar um pouco. Sabe que propostas para seguir carreira no boxe profissional poderão surgir, mas prefere não tomar decisão precipitada.
"É lógico que é um fato, a medalha, valoriza muito, as empresas mandam propostas. Ainda mais no meu caso, que foi uma medalha dourada e com nocaute contra um atleta de invencibilidade há cinco anos. Precisa ser pensado com calma. Não quero tomar nenhuma decisão no calor da emoção, mas também preciso procurar algo bom na minha vida. Mas penso que Paris-2024 está muito próximo e também posso estar fazendo história novamente", disse, durante entrevista coletiva, no CT Time Brasil, no Rio de Janeiro.
Bem humorado, Hebert conta que não parou para ver a luta inteira após a conquista. Se concentrou apenas em um trecho dela, que viu repetidamente. Considera que seu ouro estará entre os momentos mais emocionantes da última edição dos Jogos.
"A única coisa que vi foram os 10s antes do nocaute e o nocaute, né? Vi toda hora (risos). E é isso. Estou feliz pela conquista e espero manter os bons resultados. Foi um nocaute muito especial e uma medalha marcante tanto para mim quanto para todos os brasileiros. Não estou competindo não, mas acho que entra para a história como uma das douradas mais marcantes."
Gostinho de quero mais
Bia Ferreira esperava voltar de Tóquio com uma de mesma cor. Pediu desculpas ao Brasil pouco depois de a decisão dos juízes lhe render a prata no peso leve.
"Treinei para ser campeã. Tinha certeza que ia ter um ótimo desempenho ali. Fiquei feliz, mas não fiquei satisfeita e no calor da hora pedi desculpas. Prometi que vou voltar. Promessa é dívida e prometo pagar sem furar da próxima vez. Se esperei cinco anos para poder ir para Tóquio e trazer uma prata agora, o que são três anos, né? Já vou aproveitar o embalo. Já estou treinada e vou treinar mais ainda e vou conseguir mudar a cor dela."
Ela espera também conseguir inspirar meninas e incentivar mais pais a deixarem suas filhas praticarem boxe.
"Estou muito feliz, a mulherada arrasou nessas Olimpíadas! Porque mulher pode fazer tudo, pode ser campeã olímpica, pode ser campeã mundial. O boxe precisa de mulheres. Para não ter só uma Bia, uma Adriana, uma Juci... Que a gente possa ter um abecedário todo de mulheres."
Nas últimas três edições dos Jogos Olímpicos, os boxeadores brasileiros subiram ao pódio. A seleção permanente e a qualidade dos projetos sociais em vários locais do país são apontados pelos três medalhistas como alguns dos motivos que estão fazendo a modalidade crescer.
"É um conjunto de coisas. A gente pôde contar com a seleção, com toda a equipe que está nos dando suporte para ter esse alto rendimento e por isso a sintonia está diferente e estamos conseguindo esses resultados. Melhorou bastante [as condições] e espero que continue para que a gente continue a trazer mais e mais resultados. Com os resultados e com essa visibilidade que tivemos, almejamos que seja um incentivo maior para a garotada que está vindo da base. Que a base venha forte", torce Bia.
Abner concorda. Medalha de bronze no peso pesado, ele tinha certeza de que a equipe teria resultados bem consistentes no Japão e que isso surpreenderia muita gente. Só lamenta não ter conseguido subir ao degrau mais alto do pódio do jeito que queria.
"A gente teve um ciclo muito consistente, de estar entregando resultados nas principais competições. Eu sabia que não seria surpresa para nós, mas para muita gente, sim. Espero que esse ciclo de 2020 ajude o boxe a crescer ainda mais. Eu comecei num projeto social e não imaginava no começo que era possível chegar aqui. Por mais que pareça algo inalcançável, acreditem porque eu sou o exemplo de que é possível. Eu sei que tinha condições de estar na final olímpica, mas se cheguei no bronze dá para chegar no ouro em Paris, né? Essa medalha é um combustível e vou trabalhar mais duro para trazer uma medalha dourada em 2024".
Aos 24 anos, Abner se diverte ao lembrar que um dia sonhou ser jogador de basquete. E ao contrário de Hebert Conceição, não se considera um talento perdido das quadras, não.
"Assim como ele, eu também tentei um pouquinho de tudo no esporte. Mas se fosse jogador de basquete acho que ia estar passando fome hoje (risos). Eu era para o boxe mesmo. Ainda bem que achei o boxe", brinca.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.