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Em Tóquio-2020, Paralimpíadas se alinham a movimentos globais de inclusão

Para Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, é preciso dar voz a um bilhão de pessoas  - Vladimir Smirnov/Vladimir Smirnov/TASS
Para Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, é preciso dar voz a um bilhão de pessoas Imagem: Vladimir Smirnov/Vladimir Smirnov/TASS

Denise Mirás

Colaboração para o UOL, de São Paulo

23/08/2021 16h16

Uma edição de muitos significados e com um propósito maior: alinhar as pessoas com deficiência a outros movimentos internacionais de inclusão. Por isso, na visão do brasileiro Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional (CPI), estes Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020 são os mais importantes da história — com cerimônia de abertura marcada para as 9h (de Brasília) desta terça-feira (24). O Brasil participa com 259 atletas (incluindo atletas-guia, goleiros, timoneiro e calheiros), em 20 das 22 modalidades do programa.

Para o presidente do CPI, esta é uma oportunidade única de dar voz a um bilhão de pessoas. Em momentos de crise, diz, políticas públicas supostamente inclusivas mostraram que a falta de acesso aos serviços de saúde no geral se mostrou ainda pior para pessoas com alguma deficiência, que são 15% da população do planeta.

"Temos percebido, por meio de estudos e relatórios sobre infraestrutura vindos da ONU (Organização das Nações Unidas), que essas pessoas foram afetadas de forma desproporcional. Temos números que são públicos. Na Inglaterra, por exemplo, 60% dos mortos por covid-19 no ano passado eram indivíduos com algum tipo de deficiência", destaca. "As Paralimpíadas colocam essas pessoas no centro do mundo, para serem ouvidas."

Só por isso, Tóquio-2020 já seria muito importante, diz Parsons.

"Mas, depois que a pandemia fez os países se voltarem para dentro, com recrudescimento de nacionalismo pelo mundo, temos um catalisador como os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, que somam múltiplas nacionalidades em um grande esforço internacional para realizar o maior evento logístico do mundo. É um símbolo de retomada. Atender a atletas, patrocinadores, redes de tevê —e ao mesmo tempo controlando a disseminação da covid-19— é uma vitória enorme. Para toda a humanidade."

União para avançar

Andrew Parsons observa ainda que, onde se imaginava um progresso enorme nos casos de inclusão, com a pandemia se viu que o avanço não é tão real. "Discutimos bastante segmentos como equidade de gênero, ou inclusão das pessoas com deficiência, ou o 'black lives matter' e uma série de outros movimentos. Estão avançando. E todos têm de avançar. Mas vimos, na prática, que, às vezes, esse progresso não existe —ou não funciona em uma situação de crise".

Por isso, afirma, o CPI pretende que Tóquio-2020 jogue um foco de luz sobre esse bilhão de indivíduos com deficiência —os 15% do planeta. "É o único evento mundial em que essas pessoas estão no centro. Por isso, estamos colocando os Jogos Paralímpicos como plataforma a serviço de todas as populações com deficiência —não apenas dos atletas. E ainda temos uma campanha de dez anos, a ser lançada nestes Jogos, com um propósito maior: vai nessa direção de nos alinharmos com movimentos de inclusão internacionais".

Brasil em Tóquio

Com 163 homens e 96 mulheres no total de atletas, mais integrantes de comissões técnica, médica, administrativa e convidados, a delegação brasileira é a maior em Jogos Paralímpicos fora do país, com 435 integrantes.

Os brasileiros competem em atletismo, bocha, canoagem, ciclismo, esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, goalball, halterofilismo, hipismo, judô, natação, parabadminton (estreante), parataekwondo (estreante), remo, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, tiro com arco, tiro esportivo e vôlei sentado (o Brasil não se classificou para basquete/rúgbi em cadeira de rodas).

A meta fixada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) é ficar entre os top-10 do quadro de medalhas (a melhor classificação até hoje foi o sétimo lugar em Londres-2012).