Bronze de Daniel mostra como paralímpicos dependem de fatores extrapiscina
No primeiro dia de competições em Tóquio-2020, o nadador Daniel Dias chegou à sua 25ª medalha nos Jogos Paralímpicos. Aos 33 anos, conquistou o bronze nos 200m livre da classe S5, prova em que foi tricampeão a partir de Pequim-2008. Nesta edição, aquele que é considerado o maior nadador da história paraolímpica enfrenta adversários que foram reclassificados em sua funcionalidade e, como rebaixados, dificultam ainda mais os desafios do brasileiro.
Daniel Dias falou rapidamente sobre o tema e avisou que irá comentar o que considerou de equivocado na nova classificação funcional quando encerrar sua participação em Tóquio - também a última de sua carreira (nestes Jogos, ainda estará nos 50m e 100m livre e nos 50m costas e borboleta).
Na natação, as classes levam o S de swimming, em inglês. De 1 a 10 são aqueles com limitações físico-motoras; 11 a 13, com deficiência visual, e 14, com deficiência intelectual.
No caso das limitações físico-motoras, a classificação funcional é feita a partir de resíduos musculares, por meio de testes de força, mobilidade articular e testes motores, realizados dentro da água. O atleta pode ter classificações diferentes para o nado peito (SB, de breast) e o medley (SM). Vale a regra de "quanto maior a deficiência, menor o número da classe".
O debate em torno da reclassificação funcional na natação é com relação a uma vantagem que os "rebaixados" teriam, porque saem de uma classe acima, com mais capacidade motora, para uma abaixo, onde os atletas teriam mais dificuldade de competir contra eles.
O bronze de Daniel Dias veio na prova em que o vencedor foi o italiano Francesco Bocciardo, que era campeão olímpico na classe S6 e foi reclassificado para a S5 (antes da mudança, portanto, era reconhecidamente mais capacitado que o brasileiro).
A diferença nos tempos dá ideia da dimensão do impacto na reclassificação: o ouro de Bocciardo veio no tempo de 2min26s76, com o espanhol Antoni Ponce Bertrán fazendo 2min35s20 para a prata e Daniel, 2min38s61 para ficar com o bronze (11s85 de diferença).
Primeiras medalhas
A ciclista australiana Paige Greco registrou o primeiro ouro das Paralimpíadas de Tóquio-2020, na perseguição 3.000m, batendo o recorde mundial das classes C1, C3 e C3 com 3min50s81.
A primeira medalha brasileira veio na natação, com Gabriel Geraldo Araújo, mineiro de 19 anos, prata com 2min02s47 nos 100m costas da classe S2 (segunda com menor funcionalidade - sem os dois braços, o brasileiro nada impulsionado pela golfinhada do corpo). O vencedor foi o chileno Alberto Abarza, com 2min00s40.
O primeiro ouro para o Brasil foi de Gabriel Bandeira, 21 anos e em sua primeira participação nos Jogos Paralímpicos. Venceu os 100m borboleta (prova estreante) da classe S14 (atletas com deficiência intelectual) com 54s76, ultrapassando o atual recordista mundial, o britânico Reece Duun, que fechou 55s12. Gabriel Bandeira ainda compete nos 200m livre, 100m peito, 100m costas, 200m medley e revezamento 4x100m livre.
Phelipe Rodrigues, 30 anos, foi bronze nos 50 metros livre da classe S10. Em sua quarta edição dos Jogos, o brasileiro chegou à oitava medalha, com 23s50, atrás do australiano Rowan Crothers, com 23s21, e do ucraniano Maksym Krypak, com 23s33.
Fases de classificação
No goalball, a seleção brasileira masculina goleou a Lituânia por 11 a 2, na fase preliminar do Grupo A. A feminina perdeu dos Estados Unidos, que fechou 6 a 4 do Grupo D.
No tênis de mesa, o destaque dos brasileiros foi Israel Stroh, que conseguiu vencer o japonês Masachika Inoue por 3 a 2, pelo Grupo E da Classe 7 (andantes). David Freitas de Andrade passou com WO do sueco Alexander Oehgren no Grupo E da Classe 3 (cadeirantes). No feminino, pelo Grupo D das classes 1 e 2 (cadeirantes), Cátia Oliveira venceu a finlandesa Aino Tapola por 3 a 1. Danielle Rauen venceu a turca Neslihan Cavas por 3 a 0, pelo Grupo A da Classe 9 (andantes) já em seu segundo jogo pela fase preliminar, depois da derrota para a húngara Alexa Svitacs, que fez 3 a 1.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.