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Bicampeão, Petrúcio fala sobre lesão e apoio da esposa na conquista do ouro

Petrúcio conquista ouro e se consagra bicampeão paralímpico - Wander Roberto /CPB
Petrúcio conquista ouro e se consagra bicampeão paralímpico Imagem: Wander Roberto /CPB

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/08/2021 11h41Atualizada em 27/08/2021 11h56

Após conquistar a medalha de ouro nas Paralimpíadas de Tóquio e se consagrar bicampeão dos 100m, com direito a quebra de recorde, que já era seu, Petrúcio falou sobre a lesão que sofreu antes dos jogos, em entrevista no "Encontro com Fátima Bernardes".

"Tomei um susto, sete dias atrás sofri uma lesão grau II que me deixou assustado de entrar na prova e sentir alguma coisa, mas conseguimos fazer um bom trabalho. Tive lesão na coxa esquerda, prejudicou um pouco os planos de melhorar ainda mais o resultado", contou o atleta.

Muito emocionado, o nordestino se declarou para a esposa Marta, que foi essencial na conquista do título de homem mais rápido do mundo na história das Paralimpíadas:

"Essa conquista é nossa, mor. No momento que eu estava aqui preocupado com a lesão e eu conversava com você, sei que era tarde da noite, horas e horas na conversa, você falava que acreditava em mim e me conheceu esse cara forte que nunca teve medo de nada e eu consegui provar isso, as suas palavras tiveram esse poder, foi fundamental nessa conquista", disse ele.

Ao comemorar a medalha de ouro, o corredor agradeceu seu técnico e abriu uma discussão que tiveram antes da prova em Tóquio:

"Me emociono muito porque falar do Pedrinho, meu treinador é um cara fenomenal, um pai, estou desde 2014 com ele, foi uma discussão sadia. Briga de marido e mulher, sempre volta ao normal, o susto que eu tomei, achava que não ia conseguir correr a prova por causa da lesão, eu não estava tão bem para o treino, mas acabei indo. A gente teve a discussão porque eu disse que não estava bem e acabei treinando, mas coisa que se acerta e está tudo normal entre a gente, amo esse cara, é meu segundo pai", completa.

O atleta, que disputou a prova dos 100 metros rasos na classe T46/47 (para atletas com deficiências nos membros superiores), abriu o coração ao falar do acidente que sofreu aos 2 anos de idade e como isso mudou sua vida:

"Eu sempre falo isso para todos, tudo na nossa vida tem propósito. Meu pai se sentia culpado pelo acidente que aconteceu comigo quando tinha 2 anos, eu tava com ele no trabalho e ele acabou se descuidando, mas não foi descuido, foi propósito que Deus tinha para minha vida, para me tornar quem sou hoje. A forma que fui criado, na roça, no meio do mato, isso tudo veio acumulando de forma positiva, me moldou para ser esse atleta hoje, me tornar essa pessoa que acreditou nos sonhos e objetivos, correu atrás na realização dos sonhos, me tornando bicampeão olímpico vestindo essa camisa aqui, essa conquista, levando alegria para a família, Brasil, meus amigos, colegas de treino, envolve o todo essa conquista".

"Para tudo tem propósito, era esse quando eu perdi meu braço, consegui mostrar o propósito que tinha, falei pro meu pai que ele não devia se culpar, está aqui a prova hoje", completou.

O corredor celebrou o fato de ter sido porta-bandeira na cerimônia de abertura das Paralimpíadas de Tóquio, ao lado de Evelyn Oliveira, atleta de bocha: "Fiquei muito feliz de ter tido essa honra de ser porta-bandeira junto com a Evelyn, sendo a imagem do povo brasileiro, dos atletas que estão representando o pais, cada um dando seu melhor para representar o país".

Por último, Petrúcio fez questão de agradecer seus patrocinadores que permaneceram com ele durante a pandemia: "Aproveito pra agradecer todos os meus patrocinadores que estão comigo na caminhada, principalmente nesse ano difícil, eles não me abandonaram, acreditaram no que eu tinha pra mostrar para o Brasil e para o mundo, Petrúcio que saiu do interior, do meio do mata, mas o mato não saiu dele ainda, só tenho a agradecer a todo os patrocinados, a minha equipe, meus amigos e família, que fazem parte dessa conquista".