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A uma medalha do recorde, Brasil tem cinco chances no último dia de Tóquio

Alessandro "Gigante" Rodrigo da Silva, ouro no disco do atletismo - Wander Roberto/CPB
Alessandro "Gigante" Rodrigo da Silva, ouro no disco do atletismo Imagem: Wander Roberto/CPB

Demétrio Vecchioli

Do UOL, em São Paulo

04/09/2021 14h00

O Brasil está a um pódio de igualar o seu melhor desempenho em Jogos Paralímpicos em número total de medalhas. Há cinco anos, no Rio, o país, então anfitrião, faturou 72 medalhas, marca que pode ser alcançada ainda neste sábado (4), já domingo (5) em Tóquio. Entre 18h30 e 18h50 de Brasília, cinco classes, sendo três masculinas e duas femininas, largam para as provas de maratona que podem fazer com que o recorde seja quebrado. Mais tarde, às 23h30, Vitor Tavares disputa o bronze no badminton.

São, no total, cinco chances para o Brasil igualar o recorde de medalhas e, quem sabe, superá-lo. A mais provável delas é, claro, de Vitor, que enfrenta o britânico Krysten Coombs na decisão do terceiro lugar da classe SH6. O brasileiro é favorito, uma vez que vem de bronze no Mundial de 2019 e teve desempenho melhor do que de Coombs contra os mesmos rivais nas fases anteriores.

Mas, quando Vitor entrar em quadra no Yoyogi National Stadium, mesmo ginásio que recebeu as competições de handebol nas Olimpíadas, o recorde brasileiro de medalhas pode estar quebrado. É que as provas de maratona foram marcadas para começaram logo cedo em Tóquio, para fugir do calor. Na Olimpíada, as corridas de rua foram transferidas para Sapporo, mais ao norte, em medida para também amenizar o clima quente, mas na Paralimpíada as provas serão em Tóquio mesmo.

Levando em consideração o melhor tempo da vida de cada atleta, a principal chance de medalha do Brasil é no feminino da classe T12, para atletas de baixa visão. Edneusa de Jesus Santos, bronze na Rio-2016, tem a segunda melhor marca entre as inscritas, só atrás de uma japonesa. Na mesma prova, Edilene Teixeira tem a sexta marca entre 10 participantes.

Na versão masculina da T12, o Brasil será representado por Yeltsin Jacques, que só correu maratona uma vez na carreira e tem o oitavo tempo. Ele chega credenciado por duas medalhas de ouro na pista, nos 1.500m e nos 5.000m, o que também pode ser um problema, por causa do desgaste físico. Além disso, Yeltsin é cego, corre com guia, e vai competir contra atletas de baixa visão que correm sozinhos.

Na T45, para atletas com deficiência física, Alex Pires, que tem um encurtamento no braço, tem o quarto melhor tempo de carreira, mas uma trajetória vitoriosa. Foi ouro no Mundial de Maratonas de 2017, em Londres, por exemplo. Por fim, muito mais improvável é uma medalha com Vanessa Cristina de Souza na classe T52, para cadeirantes, onde o poder financeiro tem maior impacto, pelo acesso a tecnologia. O melhor tempo da vida dela é 10 minutos acima do que fazem as favoritas. O Brasil não participa da versão masculina.

Em sexto lugar no quadro de medalhas, com 22 de ouro, o Brasil precisa ganhar três no último dia de competições para tentar ultrapassar a Ucrânia no quadro. Os ucranianos têm 24 de ouros, mas número bem maior de pratas (47 a 19). Ou seja: o Brasil precisaria vencer as três maratonas em que tem alguma chance de pódio.

O mais provável é o oposto: o Brasil perder a sétima posição para a Austrália, que está dois ouros atrás, com 20, mais pratas (28 a 19) e é favorita em duas maratonas. Aí, faria diferença o ouro tirado de Thiago Paulino no arremesso de peso, ontem. A melhor colocação do Brasil na história foi o sétimo lugar em Londres-2012.

Quando se olha o quadro pelo total de medalhas, o Brasil é sétimo, com 71, sete medalhas atrás da Austrália. Assim, já não há mais como ganhar a sexta posição. Por essa métrica, o Brasil foi sexto na Rio-2016, na melhor posição da história.