O amor de Viviane, Luis Paulo e a marcha atlética os levou às Olimpíadas
Na rede de amores entre Viviane Lyra, Luis Paulo Porto e a marcha atlética, só um foi a primeira vista: o dela, pela prova. E foi exatamente este o que mais percalços superou para se concretizar em relação duradoura. Os demais foram construídos com o tempo e dão sustentação a uma das esperanças de medalha do Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris.
Viviane e Luis Paulo são atleta e treinador, esposa e marido. Antes, foram colegas de treino em uma equipe do Rio de Janeiro, onde ela competia nos 3.000m com obstáculos e, ele, no meio-fundo. De colegas de treino, viraram namorados, ainda que não saibam dizer quando isso aconteceu.
"Surgiu a paquera, e a gente começou a se relacionar. Mas a gente nunca juntou as coisas. Só se encontrava fora do local de treinamento. Depois de muitos anos as pessoas descobriam: 'Vocês são namorados? Nossa, são casados, poxa, eu não sabia'.", conta Viviane.
Ela é atleta desde muito cedo. Estava na quinta série quando conheceu a marcha atlética, foi campeã mirim e juvenil no Rio de Janeiro, mas não seguiu na prova porque ela não existia nos Jogos Escolares. Para ter bolsa de ensino, precisou se dedicar às corridas.
A marcha só voltaria à vida dela já aos 23 anos, em 2016, quando o Rio sediou o evento-teste das Olimpíadas e ela viu uma oportunidade. Viviane e Luis Paulo já estavam "se conhecendo", como dizem os famosos, e ele atuava como estagiário na equipe, que ela precisou convencer a deixá-la competir. "Comprei uma briga enorme com a equipe, consegui a inscrição e fiz", lembra.
A transição da corrida para a marcha coincidiu com o início da relação amorosa entre os dois e com o momento em que Luis Paulo passou de estagiário a treinador. "Ela sempre pedia para estar brincando na marcha, mas como treinador eu sabia que isso poderia atrapalhar no planejamento de treino. Quando ela voltou a fazer marcha, começou a evoluir e a ter mais interesse na prova. Ela treinava com outro treinador, que sofreu um acidente, e ela ficou sem ter com quem treinar", lembra ele.
Luis Paulo reconhece que tinha preconceito com a marcha atlética, como tantos no Brasil, e não entendia nada sobre a prova. Mas, como Viviane não tinha quem a treinasse, passou a tentar aprender. "A gente começou a se apaixonar pela prova. Só aí que eu comecei a entender quão guerreiros são os atletas da marcha", afirma.
Apaixonados entre si, e pela marcha, passaram a construir o sonho de chegarem, juntos, às Olimpíadas. Na falta da prova de 35km, especialidade dela, passaram a focar nos 20km. A vaga não veio por uma posição no ranking para Tóquio-2020, mas foi garantida ainda no ano passado para Paris-2024.
Desde então, Viviane tem tido uma evolução incrível, tanto que chega a Paris como a oitava do ranking classificatório. Mais do que isso: por muito pouco não ganhou a principal prova de 2024 até aqui, o Mundial de Revezamentos, em que competiu junto com Caio Bonfim. Fazia ótima prova quando foi punida pelos árbitros, precisou parar, e terminou em quinto.
Agora, ela chega a Paris como candidata a duas medalhas. Na prova individual, em que o Brasil também terá Erica Sena (que também é treinada pelo marido, o equatoriano Andrés Chocho) e no revezamento misto, nova prova olímpica, em duplas, na qual Viviane e Caio Bonfim percorrerão aproximadamente 20km cada.
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