Handebol: Brasil não terá uma campeã mundial no time pela 1ª vez em 10 anos

Pela primeira, a seleção brasileira feminina de handebol competirá sem nenhuma das atletas campeãs mundiais em 2013. A última remanescente, a goleira Babi, até viajou para a capital francesa, mas faz parte da lista de suplentes do técnico Cristiano Rocha e só pode atuar em caso de lesão de outra atleta.

É com este elenco renovado que o treinador acredita ter o "direito de sonhar" por uma medalha, e caminhada para transformar o sonho em realidade nos Jogos Olímpicos Paris 2024 começa nesta quinta-feira, às 9h (de Brasília), contra a forte equipe da Espanha.

A opção por ter Bárbara Arenhart — a Babi — apenas como suplente não foi uma decisão fácil para Rocha, que ressalta a importância de tê-la junto com o grupo por sua liderança e experiência dentro e fora de quadra. No entanto, o treinador destaca que o momento de Gabriela Moreschi e Renata Arruda, as duas que formam o grupo de 14 atletas, impôs a escalação de ambas.

"A escolha foi muito difícil, claro. Muitos fatores foram colocados, e a Renata e a Gabi realmente vivem uma fase esplendorosa. A Babi dispensa comentários, mas é muito importante ter nessa posição goleiras que estão em um momento tão bom, com tanta confiança e números tão expressivos. A Babi está com a gente aqui, é uma grande líder e continua dando sua colaboração para o nosso grupo, com sua experiência. Ela mostrou uma grandeza incrível, respeitando a nossa posição e fazendo com que a equipe continue contando com sua liderança e experiência também fora de quadra. Porém, as duas goleiras tiveram, nesta última temporada, números expressivos e históricos, inclusive", disse Rocha, ao UOL.

A Gabi foi recordista de defesas da Champions League, e a Renata, MVP da Europa League e MVP da Liga Romena. Graças a deus, o Brasil está bem servido no gol, e foi esse o nosso parâmetro para a escolha de goleiras. Cristiano Rocha, técnico da seleção feminina de handebol

'Novo momento'

O treinador afirma que a renovação foi um movimento natural do handebol feminino brasileiro e que, mais de dez anos depois do título mundial, era esperado que a geração campeã fosse dando espaço a novos talentos.

"De alguma forma, sinaliza de forma muito clara o momento que o Brasil vive: de renovação, de um novo momento, e um ciclo que conseguiu, de alguma forma, introduzir muitas jovens e leva o Brasil para essa Olimpíada em condições de ter uma boa participação."

O Brasil não pode ser considerado um dos favoritos às medalhas em Paris. Desde que Rocha assumiu o comando da seleção, em 2021, o melhor resultado foi um sexto lugar no Mundial de 2021. Em 2023, no último Mundial, a seleção não conseguiu alcançar as quartas de final e terminou na nona colocação. Ainda assim, Cristiano acredita que sua equipe não está tão longe assim do pódio.

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Eu vejo que o Brasil está num conglomerado de seleções que conseguem competir em um nível muito próximo [ao das melhores]. Nosso grupo é muito difícil e haverá muito equilíbrio entre as seis seleções. Lógico que existe o favoritismo da França, atual campeã mundial, jogando em casa, e a Holanda é uma campeã mundial, mas todas equipes são de bom nível, com resultados bem fortes neste ciclo. O Brasil está inserido nesse equilíbrio que tem o handebol feminino. A gente tem possibilidades de fazer uma boa primeira fase e buscar a classificação. E na fase eliminatória, é claro que as coisas se nivelam um pouco. A partir dali, serão necessárias duas vitórias. Fácil, não é. Favorito, o Brasil não é. Mas nossa crença é que temos condições de jogar no mesmo nível da maioria das seleções, e isso nos dá o direito de sonhar com uma medalha.

Em Paris, o Brasil está no Grupo B, com França, atual campeã mundial; Espanha, (13ª no Mundial de 2023) Hungria (9ª), Holanda (5ª) e Angola (15ª). Todos se enfrentam na primeira fase, e as quatro melhores seleções avançam para as quartas de final.

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