Primeira brasileira a competir em Paris vibra com a 'arte' do tiro com arco

A brasileira ressaltou que o tiro com arco é uma arte. Ela se mostrou feliz pela visibilidade que o esporte terá nos Jogos e recomendou aos espectadores que apreciem a sintonia.

É uma arte. Eu sou meio suspeita pra falar, na minha opinião, além do esporte, é uma arte. Você numa sintonia perfeita ali com o equipamento, com o vento, com o sol, com a chuva, o que for. Tenta buscar essa arte que eu acredito que vocês consigam ver isso.

O tiro com arco é um esporte de equilíbrio, é um equilíbrio geral, assim. Os dois braços saem em sintonia, o corpo tá bem equilibrado no chão. Você vê que a força da atleta e a força do arco estão equilibrados. Não tem nada brigando ali. A atleta não tá brigando pra soltar aquela flecha. É uma sintonia.

O que mais ela disse

Apresentação ao esporte: "Primeiro eu diria [para o torcedor]: seja bem-vindo. É muito bom ter gente assistindo o tiro com arco. Eu espero que vocês se apaixonem assim como eu me apaixonei, porque foi amor à primeira vista. Eu vi o meu irmão atirando uma vez e falei, 'cara, eu quero isso pra minha vida'. Eu espero que mais gente experiencie esse sentimento".

Estreia nas Olimpíadas: "Ah, feliz demais. Comecei com o pé direito, eu espero poder passar essa sorte pra galera que vai competir agora. Torcendo muito por todo mundo".

Fase classificatória: "É a primeira etapa, eu estou feliz por essa etapa, eu estou me permitindo celebrar e comemorar, mas é só a primeira etapa. Ainda tem bastante coisa pela frente".

Literatura e arte: "Estou escrevendo muito. É a minha forma de lidar com tanto sentimento, né? E aqui é um bombardeamento de muito sentimento, muita coisa. Então, eu escrevo pra conseguir processar isso melhor. E penso em publicar, talvez, para quem também sonha em vir pra uma Olimpíada, pra quem sonha em vir pra esse momento. Eu acho que consegue se conectar muito com isso. Estou muito alegre de estar aqui. Paris inspira".

Eliminatórias em Paris

Ana Luiza Caetano teve uma boa estreia e ficou em 19ª entre 64 atletas no ranqueamento. Ela somou 660 pontos, ficando a 34 de distância da líder, a sul-coreana Sihyeon Lim, que bateu recorde mundial com 694 pontos. Foram disparadas 72 flechas, em 12 rodadas de seis disparos cada uma. A pontuação máxima era de 720

A brasileira de 21 anos teve uma rodada perfeita, somando todos os 60 possíveis pontos na 5ª rodada. Foi a primeira a conseguir o feito, sendo "copiada" pela sul-coreana logo em sequência.

Apesar de Ana Luiza ser a primeira atleta brasileira em ação em Paris, a prova não teve transmissão oficial. O ranqueamento foi realizado em um campo de competição ao lado da arena principal e sem público, que terá acesso a partir da próxima fase, nas eliminatórias.

Ana Luiza chegou a ficar em 11º e, embora tenha caído posições nas rodadas finais, registrou a sua melhor marca pessoal na carreira. A brasileira acertou o X oito vezes e conquistou dez pontos em 28 disparos.

O resultado da classificatória definiu o chaveamento do mata-mata. A melhor ranqueada (1º) enfrenta quem ficou em último (64º), e assim por diante. Os pontos também serão somados para a competição de duplas mistas, em que as 16 melhores duplas se classificam. Número 1 do ranking mundial no masculino, Marcus D'Almeida é o arqueiro brasileiro em Paris.

Ana Luiza vai enfrentar a eslovena Zana Pintaric, que ficou em 46º, em 30 de julho. A rival da brasileira somou 638 pontos. Os confrontos de oitavas, quartas, semi e final ocorrem em 3 de agosto.