Bloqueios, trânsito e fuga de moradores mudam Paris antes de abertura
As margens do rio Sena são a alma de Paris. Mas, às vésperas da Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos, o cenário é bem diferente em um dos cartões-postais da cidade.
Por questões de segurança e logística, centenas de ruas foram bloqueadas, com acesso restrito a veículos credenciados pela organização dos Jogos.
Os bloqueios serão mais intensos para a Cerimônia de Abertura, na sexta-feira. Pela primeira vez, o evento será realizado fora de um estádio — ao longo do Sena — o que aumenta os desafios da organização, que espera um público de 300 mil pessoas.
Os bloqueios das ruas variam de acordo com o calendário de eventos. O Ministério do Transporte da França criou a página "Antecipe os Jogos" que mostra em tempo real todas as ruas fechadas total ou parcialmente. Se olhar o mapa viário dá para perceber centenas de pontinhos vermelhos de bloqueio.
Para minimizar os efeitos das restrições, o governo local pediu que as empresas incentivassem que os funcionários trabalhassem de forma remota, para minimizar deslocamentos no período dos Jogos, ou até tirassem férias.
Ainda assim, há problemas de engarrafamentos nas imediações das áreas de bloqueio. Nesta quarta-feira, a reportagem do UOL visitou o centro da cidade e registrou o contraste entre ruas sem carros e vias totalmente congestionadas. "Bem-vindos a Paris", ironizou um motorista preso no engarrafamento.
Promessa não foi cumprida
O metrô, meio de transporte mais usado da cidade, também foi afetado: estações de dez linhas terão fechamentos parciais, de acordo com o calendário dos Jogos. Três estações da Linha 1, a mais usada pelos turistas, estarão bloqueadas até o dia 21 de setembro.
Além disso, o preço da passagem dobrou para o período dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos: o tíquete unitário passou de 2 para 4 euros (cerca de R$ 24).
A decisão de dobrar o preço quebra uma das principais promessas dos organizadores: a de que, durante o evento, haveria transporte gratuito para que tivesse ingressos. Somente pessoas credenciadas têm acesso à rede de transportes sem custo.
Moradores vão embora
As ruas fechadas, o trânsito complicado, o bilhete de metrô mais caro e o verão europeu já seriam motivos suficientes para os parisienses saírem da cidade durante as Olimpíadas.
Some-se a todos eles a chance de ganhar um dinheiro extra alugando suas casas, e o que se vê às vésperas da abertura é uma debandada dos moradores locais.
De acordo com um estudo da Deloitte, em parceria com o Airbnb, havia uma expectativa de aumento de 85% na quantidade de apartamentos disponíveis para aluguel de curta temporada na cidade, com relação ao mesmo período do ano passado.