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COB gasta R$ 43 mi por Paris, equipe diminui e chances de medalhas crescem

O Comitê Olímpico do Brasil investiu R$ 43 milhões por um objetivo: superar o resultado de Tóquio nas Olimpíadas de Paris. Na última edição dos Jogos, a delegação brasileira conquistou 21 medalhas, sendo seis de ouro.

Oficialmente, o COB não fala em números: "Queremos superar a edição anterior" é a resposta padrão. Nunca crava um número, mas nos bastidores tratam o objetivo de sete ouros como principal conquista em Paris. Para isso, o COB aumentou o número de modalidades em que o Brasil tem atletas com chances altas de ir ao pódio.

Seguem em alta, após três anos (já que os Jogos de Tóquio-2020 foram realizados em 2021), Bia Ferreira, do boxe, Rebeca Andrade, da ginástica, Alison dos Santos, no atletismo (no caso, na prova dos 400m com barreiras), Gabriel Medina, no surfe, Isaquias Queiroz, na canoagem, Martine Grahel e Kahena Kunze, na vela, Ana Marcela Cunha, na maratona aquática, e Rayssa Leal, no skate. No vôlei de praia, Duda e Ana Patrícia são favoritas para apagar a má impressão de Tóquio, em que o esporte não conquistou pódios.

Kahena Kunze e Martine Grael com a medalha de ouro na vela do Pan 2023 Imagem: Miriam Jeske/COB

São nove favoritos. Se sete deles forem ouro, já seria a maior campanha da história, independentemente do número de pódios.

"O custo total do investimento é de R$ 43 milhões, que engloba toda a nossa participação, passagens aéreas, tudo que você imagina que foi gasto aqui", explicou Rogério Sampaio, diretor-geral do COB e chefe de missão do Brasil em Paris.

Menos atletas, mais chances de pódio

O Time Brasil teve 302 atletas em Tóquio. Agora, terá apenas 275 em Paris. Essa queda tem explicação: o investimento nos últimos quatro anos foi feito em preparação dos atletas já consagrados. O levantamente de peso é um exemplo disso: o Brasil não levou atletas ao Campeonato Sul-Americano deste ano, mas terá em Paris duas atletas, Laura Amaro e Amanda Shott, que já foram medalhistas em Mundiais.

Esse cenário vai além das confederações e do COB. Programas de apoio federais, estaduais e municipais pagam mais aos atletas do topo, que também têm sido os escolhidos para os times de marcas, como Petrobras. Essa renda, direta e indireta, acaba se concentrando muito mais em quem está perto de ser medalhista olímpico do que em quem está perto de chegar à Olimpíada. Daí o aumento de candidatos ao pódio, mas não de participantes.

Em Paris, o Brasil está credenciado ao ganhar medalha em pelo menos 21 modalidades: atletismo, natação, judô, taekwondo, boxe, tiro com arco, skate, surfe, vôlei, vôlei de praia, hipismo saltos, ginástica artística, ginástica rítmica, ginástica de trampolim, BMX freestyle, canoagem velocidade, canoagem slalom, águas abertas, vela, tênis de mesa, esgrima, tênis e wrestling.

Hugo Calderano durante o WTT Champions Chongqing Imagem: World Table Tennis

Estrutura

O trabalho para as Olimpíadas começou antes mesmo do término dos Jogos de Tóquio. O Comitê Olímpico do Brasil faz o mapeamento de atletas com potencial de classificação e passa acompanhá-los com todo o suporte necessário: assistência nos treinamentos, apoio em saúde mental com a disponibilização de psicólogos, equipe de tecnologia do esporte com detalhamento de resultados, entre outros.

O prédio do Time Brasil na Vila Olímpica, por exemplo, tem uma estrutura especial focada no bem-estar dos atletas. Há centro médico, exames clínicos em tempo real, sala de análise de desempenho, espaço de convivência com jogos, karaokê e videogame, máquinas de recuperação muscular. Tudo foi levado do Brasil à França em contêineres.

O COB também se propôs a instalar ar-condicionado nos apartamentos, já que o aparelho não foi disponibilizado pela organização dos Jogos mesmo com as altas temperaturas do verão europeu. Apesar de o Comitê Organizador falar que a arquitetura da Vila Olímpica permite que os quartos sejam 6°C mais frios que o ambiente externo, o COB preferiu instalar os equipamentos de refrigeração para garantir o conforto dos atletas.

Assim, com os gastos focados principalmente na operação dos Jogos e preparação dos atletas, o COB conseguiu ampliar suas chances de medalhas. Modalidades que nunca subiram ao pódio em Olimpíadas aparecem agora no radar para fazer essa estreia, como tênis de mesa, tiro com arco, ginástica rítmica, canoagem slalom e esgrima. Tudo isso para ajudar o Time Brasil a superar o recorde da última edição.

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